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Síria no centro das atenções na cimeira do G20 que hoje começa em São Petersburgo

A cimeira dos líderes do G20 começa hoje em São Petersburgo, Rússia, encontro agendado para discutir a recuperação e o crescimento económico, mas que poderá ficar marcado pelas manobras diplomáticas para uma eventual intervenção militar na Síria.

A guerra civil síria e a eventual intervenção internacional contra o  regime de Bashar al-Assad, acusado por alguns países de utilizar armas químicas,  não constam da agenda oficial do encontro do G20 (grupo dos países mais  ricos do mundo e das potências emergentes), que vai decorrer até sexta-feira  na antiga capital imperial russa.  

"A atenção dos líderes (...) será focada principalmente em questões  para assegurar o crescimento económico e a estabilidade financeira, a criação  de emprego de qualidade e o combate ao desemprego, a procura de novas fontes  de crescimento e de financiamento de investimento, bem como no fortalecimento  do comércio multilateral e na assistência ao desenvolvimento internacional",  referiu um comunicado oficial do encontro, que será um dos principais momentos  da presidência russa do G20. 

O Presidente norte-americano, Barack Obama, vai a São Petersburgo para  defender a realização de uma ação militar "limitada" na Síria e procurar  o apoio de outros líderes, numa altura em que as relações com a Rússia atravessam  uma nova crise. 

Washington já anunciou que Obama terá encontros bilaterais com o Presidente  francês, François Hollande, e o chefe de Estado chinês, Xi Jinping. 

A China, membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas  com direito a veto, tal como a Rússia, opõe-se a uma "ação militar bilateral"  na Síria e defende uma "solução política" para a crise. 

Do encontro dos líderes internacionais, cujos países representam cerca  de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, deverá sair o Plano Integral  de Ação de São Petersburgo, que vai incluir medidas coordenadas para a criação  de emprego e para o impulso do crescimento económico global, e um ambicioso  plano de ação contra a evasão fiscal das multinacionais elaborado pela Organização  para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). 

Em destaque vai estar igualmente um dos assuntos que mais preocupa as  economias emergentes: a possível redução dos estímulos monetários nos Estados  Unidos. 

A flexibilização quantitativa é uma medida de política monetária que  é usada por alguns bancos centrais, como é o caso da Reserva Federal norte-americana,  para injetar dinheiro na economia e estimular desta forma o seu crescimento.

As economias emergentes, principalmente o grupo BRICS (Brasil, Rússia,  Índia, China e África do Sul), temem que o fim destes estímulos provoque  uma acentuada fuga de capitais especulativos dos seus países, que poderia  ser agravada por um virtual encarecimento do preço do dólar. 

Ainda no encontro, o Brasil, ao lado da Rússia, voltará a exigir que  os Estados Unidos ratifiquem a reforma do sistema de quotas do Fundo Monetário  Internacional (FMI). 

A reforma, aprovada em 2010, destina-se a aumentar o peso dos países  emergentes no organismo internacional, mas ainda não entrou em vigor.   

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