Quando assumiu o cargo de coordenador da task force, era praticamente desconhecido do grande público. Agora, é – sem sombra de dúvida – uma das figuras de maior destaque na sociedade. Em meio ano, o vice-almirante Gouveia e Melo insurgiu-se contra a falta de entrega de vacinas, enfrentou negacionistas e acelerou o processo. É a ele – de forma inegável – que se deve o sucesso da vacinação contra a covid-19 em Portugal.
Sucedeu a Francisco Ramos no cargo. Gouveia e Melo apresentou-se no Ministério da Saúde decidido a fazer da credibilidade no processo de vacinação uma marca da liderança.
Vestiu o camuflado porque, como afirmava, Portugal enfrentava uma guerra. E pôs logo mãos à obra: na pior fase da pandemia, no pico do inverno, havia 85 mil portugueses vacinados; quando a primavera chegou um milhão já tinha a primeira dose.
Gouveia e Melo contabilizara todas as entregas e insurgia-se contra os atrasos das farmacêuticas em entregar o número de doses prometidas.
Estabeleceu metas, redefiniu prioritários, acomodou a estratégia de vacinar professores e passou a ser o rosto do processo de vacinação no terreno. Quando havia más notícias, o telefone tocava. Quando havia problemas, ia aos centros de vacinação para identificar e explicar a situação.
Um exemplo, foi a disciplina imposta no centro de vacinação de Monte Abraão, em Sintra, no mês de junho, que serviu de exemplo para todos os outros. Foi também implacável quando mandou encerrar o queimódromo do Porto.
Gouveia e Melo garantiu que ia acelerar o processo assim que houvesse vacinas, e assim fez. A meio de agosto, ninguém podia negar que se tornara numa das figuras chave na estratégia de combate à covid-19.
O mediatismo também o colocou como alvo de protestos negacionistas, no entanto optou sempre por usar essa atenção mediática como arma contra o vírus, repetindo apelos à vacinação.
Foi condecorado por Marcelo Rebelo de Sousa pela sua carreira militar, numa cerimónia restrita e sem a presença da comunicação social. As homenagens simbólicas pelo país foram-se repetindo.
Em setembro, com as metas alcançadas, Gouveia e Melo tira o camuflado e dá por concluída a missão, depois de uma batalha vencida.
“Pelo menos a primeira batalha está ganha e isso é um grande alívio para todos nós”, disse o agora ex-coordenador da task force.
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