As crianças com idades entre os 12 e os 15 anos que tenham cancro ativo, diabetes, obesidade, insuficiência renal crónica estão entre as que devem ser vacinadas prioritariamente contra a covid-19, segundo a Direção-Geral da Saúde.
A norma da Campanha de Vacinação Contra a COVID-19 esta terça-feira atualizada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) determina também como doenças prioritárias para vacinação a transplantação e a imunossupressão.
Segundo a norma, estão ainda incluídas doenças neurológicas, que englobam a paralisia cerebral e distrofias musculares, as perturbações do desenvolvimento, como a Trissomia 21 e perturbações do desenvolvimento intelectual grave e profundo. A doença pulmonar crónica, doença respiratória crónica, como asma grave e fibrose quística também estão entre as prioritárias.
As vacinas podem ser administradas nos menores desde que esteja presente quem tem a guarda do menor ou a pessoa a quem o menor tenha sido confiado.
"No caso dos adultos com incapacidade para consentir deve obter-se autorização do representante legal", acrescenta a norma.
A DGS recomendou na sexta-feira a vacinação prioritária contra a covid-19 de crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades associadas, que possam conduzir a uma doença grave ou à morte, esclarecendo mais tarde que os menores sem doenças precisam de prescrição médica para serem vacinados.
A vacinação universal continua, para já, a ser apenas recomendada a partir dos 16 anos, seguindo o plano de vacinação em curso.
Pais e profissionais de saúde pedem orientações
Quando é que avança? Quais são as doenças elegíveis? Quando vão ser divulgadas?
As dúvidas tanto sobre as vantagens de vacinar adolescentes saudáveis, como sobre a recomendação da DGS para a vacinação prioritária de jovens com comorbilidades vão surgindo. E enquanto não chega o guião de respostas, vão-se acumulando perguntas sobre a vacinação de adolescentes dos 12 aos 15 anos.
Entre os profissionais de saúde há quem questione, antes de mais, qual é a pressa? Muitos especialistas defendem que não deve haver pressa para vacinar adolescentes saudáveis. Já no terreno pedem-se orientações claras: "Ao menos que digam quais são as doenças que estão em causa".
A DGS prefere esperar por dados mais sólidos sobre riscos e benefícios da vacinação nesta faixa etária antes de fechar a norma a seguir. Quer mais informação, desde logo sobre o potencial de transmissão entre os mais novos e sobre os casos de inflamação cardíaca detetados em adolescentes depois da toma da vacina.
Nos últimos dias, os centros de saúde têm sido bombardeados com telefonemas de pais a pedir conselhos e informações sobre a vacinação dos filhos. Perguntas para as quais nem os médicos têm ainda resposta.
Pediatra concorda que DGS espere por mais informações
O pediatra José Gonçalo Marques concorda que a Direção-Geral da Saúde espere até ter mais informações sobre a vacinação nos jovens contra a covid-19.
"Não há pressa em vacinar as crianças. Vamos fazê-lo como sempre foi feito: em segurança", afirma.
Ordem dos Enfermeiros pede mais "evidência científica"
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros sublinha que há poucos estudos sobre a vacinação contra a covid-19 entre os 12 e os 15 anos.
Ana Rita Cavaco pede mais informação científica antes de se vacinar esta faixa etária.
"Nesta faixa etária temos poucos estudos ainda realizados. Não vale a pena estarmos a saltar etapas", afirma, acrescentando que a "pressa é inimiga do bem".
Associação de Neuromusculares pede esclarecimentos
A Associação Portuguesa de Neuromusculares mostrou-se esta terça-feira preocupada com o impasse na vacinação dos jovens entre os 12 e os 15 anos.
À SIC Notícias, o Presidente da Associação Joaquim Brites apelou a um maior esclarecimento sobre quem deve tomar a vacina contra a covid-19.
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