TAP: o futuro e as polémicas

"Interesse não é apenas financeiro": Air France-KLM quer gestão comercial se comprar a TAP

O presidente executivo da Air France-KLM admitiu que o grupo poderá considerar uma entrada minoritária no capital da TAP, mas alertou que qualquer investimento só faz sentido se houver garantias de controlo da gestão comercial da companhia portuguesa.

Armando Franca/AP Photo

Lusa

O presidente executivo da Air France-KLM, Ben Smith, admitiu a possibilidade de instalar uma unidade de manutenção ("MRO") ou reforçar a operação da Transavia em aeroportos secundários como o Porto.

Questionado sobre se faz parte dos planos investir numa fábrica de manutenção em Portugal, como a Lufthansa Technik, durante uma apresentação a jornalistas o responsável começou por lembrar que enquanto companhia aérea já investem em diferentes instalações de manutenção em "vários lugares do mundo", como em Marrocos e na Florida, nos EUA.

"Por isso, abrir uma instalação de manutenção em Portugal pode ser uma opção", admitiu, lembrando que a frota da Air France-KLM inclui aviões similares aos da TAP.

Ben Smith destacou ainda que "o ambiente de custos e de mão-de-obra qualificada em Portugal é muito atrativo", e abriu a porta ao reforço das operações em outras bases no país, dando como exemplo a Transavia - que também pertence ao grupo - no Porto.

"Não é uma fábrica, mas isso não é o nosso negócio", apontou.

O investimento no desenvolvimento de combustível sustentável de aviação(SAF) também está na lista de investimentos diretos do grupo em Portugal, estando à procura de um parceiro.

O gestor também abordou a questão da infraestrutura aeroportuária em Lisboa, reconhecendo limitações de capacidade, mas afirmando que "existem formas de aumentar a eficiência sem construir de raiz um novo aeroporto", como através da operação com aviões de maior dimensão.

Air France-KLM admite flexibilidade, mas se investir quer controlo na gestão

O presidente executivo da Air France-KLM admitiu que o grupo poderá considerar uma entrada minoritária no capital da TAP, mas alertou que qualquer investimento só faz sentido se houver garantias de controlo da gestão comercial da companhia portuguesa.

Em resposta a jornalistas, Ben Smith explicou que o "interesse não é apenas financeiro", mas sim estratégico.

"O mais importante para nós é termos capacidade de tomar decisões comerciais. Se não pudermos gerir comercialmente na TAP, o interesse é muito limitado", disse, acrescentando que "normalmente isso exige 51%, 60% ou 70% do capital".

O CEO reconheceu, no entanto, que existem modelos alternativos que permitem obter sinergias e benefícios financeiros sem controlo total, como no caso da Delta com participações de 49% na Virgin e na Aeroméxico.

"Estamos abertos a estruturas diferentes, mas precisamos de estar confortáveis de que conseguimos as sinergias adequadas e que a TAP pode competir melhor no mercado", sublinhou.

Questionado sobre o eventual desejo do Governo português em manter a maioria do capital, Ben Smith respondeu que existem formas de "aliviar preocupações", como compromissos de proteção da marca e dos empregos, semelhantes aos aplicados no caso da KLM, em 2004.

Durante a apresentação, no âmbito da visita aos centros de operação da KLM nos Países Baixos, Bem Smith lembrou que esta já é a terceira vez que olham para a compra da TAP, devido aos recuos que tem sofrido com as consecutivas quedas de Governo, e prometeu uma decisão "a curto prazo".

"Continuamos muito interessados em TAP", mas "não decidimos internamente se vamos fazer uma oferta formal. Temos que ter certeza de que estamos numa posição certa para avançar", explicou.
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