Sporting bicampeão

Sporting, o campeão de 1 a 11

Após uma temporada difícil e desafiadora, o Sporting sagrou-se bicampeão nacional, mais de 70 anos depois da última vez. João Rosado destacou os principais momentos da época 'verde e branca'.

ANTONIO COTRIM

João Rosado

1. Aquela noite com míssil de Galo

Em 20 jogos efetuados na Liga, Eduardo Quaresma só fez um golo, em contraste com Inácio, Fresneda (três golos cada) e até Diomande (dois). Mas o golo do jovem Edu, em certa medida, até pode ser visto como o golo do campeonato. Aconteceu graças àquele remate fenomenal que valeu a milagrosa vitória sobre o Gil Vicente nos últimos instantes de um duelo que quase dava... galo aos leões.

2. Trinta, Trincão e um furacão

Apenas dois jogadores conseguiram ultrapassar a barreira dos 30 jogos como titulares na Liga. O furacão Gyökeres confirmou-se ante o Vitória como um grande 31 (também) nesse particular, enquanto Francisco Trincão chegou ao 34.º desafio entre as escolhas iniciais, o que significa que nunca começou o campeonato no banco. Sim, Quenda fez o 34.º jogo, o oitavo como suplente...

3. Três treinadores e duas vidas sofridas

E... Ruben Amorim vai disputar a final da Liga Europa na qualidade de bicampeão e na qualidade de 16.º da Premier League. O Sporting começou com o técnico do United, Frederico Varandas passou a pasta a João Pereira e este entregou-a a Rui Borges. Os leões tiveram três treinadores e os dois primeiros acabaram por emigrar, com João também a lutar pela manutenção do Alanyaspor na Liga turca.

4. Era uma vez aquele sistema

Logo na indefinição tática do novo Sporting começaram os problemas para Bruno Lage, que “apadrinhou” a estreia de Rui Borges em Alvalade. Embalado pelo sucesso no Vitória, o transmontano começou com uma defesa a quatro, injetando confiança em Ivan Fresneda e Matheus Reis. Mas com a onda de lesões, o balneário votou o regresso ao 3-4-3 e Rui Borges disse logo que (o) sim é... sim.

5. Movidos pela força G

Muita gente falará dos Cinco Violinos por causa deste histórico bicampeonato mas a pontaria de mão cheia de Geny Catamo também merece uma referência especial. O moçambicano “só” marcou cinco golos na Liga e não precisou de mais (além das duas assistências) para se revelar decisivo. Ou os golos ao FC Porto, ao Benfica e ao Santa Clara não tiveram um peso es... penta... cular?

6. Tudo muito Zeno no meio-campo

O camisola 6 que se revelou o canivete belga de Rui Borges. Atormentado pelas lesões simultâneas de Bragança, João Simões, Pote e até Morita, o treinador lembrou-se do início de carreira de Zeno e resgatou-o para o meio-campo, onde o ex-Anderlecht brilhou com a sua técnica e a sua visão de jogo. Até na seleção da Bélgica já se pensa no Debast versão de leão, perito a bater... cantos e livres.

7. Escusado confundir alheiras com bugalhos

Nascido a 07 do 07 de 1981, Rui Borges é o artífice da conquista leonina. Sereno e quase sempre sensato nas palavras à comunicação social, o míster nascido em Mirandela só confundiu alheiras com bugalhos quando se envolveu em dispensáveis picardias com os visitantes César Peixoto e Luís Freire. Mas, no fim, as apimentadas receções a Gil Vicente e Vitória souberam-lhe muito bem.

8. Como se vice sempre o golo

É apenas mais um número que exemplifica a extraordinária influência de Viktor Gyökeres na produção ofensiva dos bicampeões nacionais. Além dos 39 golos apontados na Liga, o goleador sueco assinou oito assistências, o que fez dele o vice-rei nesse capítulo, apenas superado pelo visionário Trincão. Uma das oito assistências de Gyökeres, recorde-se, foi na Luz e para... Francisco Trincão.

9. Época de gala com baile de máscara

O nove, novamente. Após a tremenda época de estreia, Viktor Gyökeres conseguiu ainda fazer melhor em 2024-25, levando os leões às costas rumo ao bicampeonato. Claro que não escalou a montanha sozinho mas pela primeira vez na história o Sporting consegue um segundo campeonato (seguido) elegendo consecutivamente o melhor artilheiro da prova. Digno de um baile de máscara.

10. Um Marcus na gestão

A gestão de Marcus Edwards foi um dos primeiros desafios para Rui Borges, que optou por palavras de circunstância até ao regresso do camisola 10 a Inglaterra (acabou por subir à Premier League com o Burnley). Num mercado de inverno marcado pela sobriedade leonina, a perda do extremo... ex-Vitória não foi colmatada pela administração mas, como sempre, o treinador nunca se queixou.

11. Demolidora despedida na Pedreira

No mesmo palco em que o Benfica se despediu da possibilidade de vencer a Liga, o Sporting despediu-se de Ruben Amorim. Na 11.ª jornada, os leões jogaram na Pedreira naquela que seria a última valsa do novo treinador do United. Ao intervalo perdiam por 2-0 e a segunda parte foi épica, com direito a lágrimas. Quatro rugidos de leão selaram a reviravolta que não se despede da memória.

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