O sono e a saúde

Privação do sono provoca acidentes de viação mais graves que excesso de álcool

O presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono, Miguel Meira da Cruz, afirmou hoje, Dia Mundial do Sono, que a privação de sono pode causar acidentes de viação mais graves do que o excesso de álcool. O especialista falou em Torres Vedras durante um seminário que sensibilizou outros profissionais da saúde e a população para outras doenças, como a disfunção sexual, a obesidade, a diabetes, as paragens cardiovasculares e problemas potenciados pela falta de sono

"Os acidentes de viação relacionados com o sono são mais graves do que os relacionados com o álcool e a prevalência de acidentes de viação em doentes privados do sono é extraordinariamente maior quando acumulado com excesso de álcool", afirmou Miguel Meira da Cruz.

Para o investigador da Faculdade de Medicina de Lisboa, a privação ou as doenças do sono "aumentam o risco profissional", como é o caso dos motoristas, ao potenciar acidentes rodoviários. 

Além disso, "afeta a capacidade de concentração e de memória" e, consequentemente, a "capacidade de decisão no exercício de profissões como de médico, enfermeiros ou advogados", sujeitos a excesso de horas de trabalho ou, no caso dos dois primeiros, de turnos desajustados à capacidade de enfrentar o chamado relógio biológico. 

Resultados preliminares de um estudo que está a ser desenvolvido por investigadores da associação e hoje divulgados revelam que "44% dos advogados são sonolentos, dormem menos de sete horas e 15% têm alto risco para a apneia do sono".  

Segundo o investigador, o sono também causa insucesso escolar devido à falta de regras e hábitos para dormir das crianças e adolescentes. 

"As crianças privadas de sono são mais hiperativas, são mais desatentas, irritadas, rabugentas, têm mais dificuldades de concentração e de memória e aprendem menos", explicou Miguel Meira da Cruz.


Lusa

Últimas