Papa Francisco

"O Papa nunca regressou ao seu país, saiu da Argentina com uma mala pequena"

Teresa Canto Noronha, jornalista da SIC, observa, no Jornal da Noite, que os cardeais que partem agora para Roma não sabem se regressarão aos seus países porque podem ser escolhidos para ocupar o lugar que pertencia a Francisco.

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Teresa Canto Noronha, jornalista da SIC, e o padre Jorge Oliveira explicam, em direto no Jornal da Noite, o que se segue no Vaticano depois da morte do Papa Francisco, um líder religioso bastante acarinhado e que deixa um legado de "progresso, modernização e simplicidade". 

O padre Jorge Oliveira explica que, durante o rito das exéquias papais, Francisco está vestido com uma casula vermelha, que “simboliza o sangue de Cristo” e está associada “aos momentos mais importantes” na Igreja.

Nota que, por norma, os Santos Padres têm direito a um “triplo caixão”, algo que não acontecerá com o malogrado Sumo Pontífice por escolha do próprio. “Francisco, pela sua simplicidade, quis que fosse apenas um”, aponta. 

O pároco informa que o Papa reformulou o rito litúrgico, encurtando-o e tornando-onão tão pesado”, e que escolheu manter consigo o anel que já tinha enquanto líder da Igreja e bispo de Buenos Aires: 

“O Papa não quis aceitar aquele novo anel que, tradicionalmente, os Papas recebem quando são eleitos. Esse anel será até destruído, é caricato que seja destruído um anel que nem sequer foi utilizado. 

Teresa Canto Noronha admite que não existe um prazo para a eleição de um novo Sumo Pontífice, mas entende que “não seria compreensível para os fiéis que os senhores cardeais não conseguissem chegar a uma conclusão num prazo de bom senso.” 

A jornalista da SIC, que já cobriu dois conclaves, acredita que a decisão será tomada “em menos de cinco dias”. 

“O Papa nunca regressou ao país"

Até lá, no entanto, “muita coisa tem de acontecer”, a começar pelas congregações de cardeais, que vão começar oficialmente depois do funeral e de onde sairão decisões “do ponto de vista prático”. 

“As congregações mais profundas, onde se começa a discutir o futuro da Igreja e que rumo é que eles querem para a Igreja, essas vão acontecer quando estiverem todos em Roma.” 

Teresa Canto Noronha observa que os cardeais que partem agora para Roma não sabem se regressarão aos seus países porque podem ser escolhidos para ocupar o lugar que pertencia a Francisco.

“O Papa nunca regressou ao país. Ele saiu da Argentina com uma mala pequena. Lembramo-nos perfeitamente da mala que ele depois foi buscar ao sítio onde tinha ficado a dormir e que fez questão de querer pagar a conta”, recorda. 

“É expectável que conheçamos o sucessor no dia 08 ou 09 de maio”

O padre Jorge Oliveira explica que, durante o período de Sede Vacante, um cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, "assume as questões mais ordinárias".

“Portanto, é uma espécie de ‘standby’, de pausa, no governo da própria Igreja. No fundo, é um governo de gestão, diríamos, até a chegada do novo Santo Padre”, refere. 

O sacerdote estima que “é expectável que nós conheçamos o sucessor de Francisco no dia oito ou nove de maio”.

O pároco acredita que o legado de Francisco irá influenciar a escolha do próximo Sumo Pontífice. “Há uma presença de Francisco, digamos, na mentalidade de mais de 70% dos cardeais que vão votar nos seus sucessores”, diz ainda.

“O seu sucessor não pode ignorar aquilo que fez Francisco, isso decididamente”, acrescenta.   

Para terminar, Teresa Canto Noronha lembra que Francisco contribuiu para a "mudança em termos de perceção pública":

“Progresso, modernização, simplicidade. Essa é a marca de uma mudança em relação àquilo que era talvez uma relação mais distante e mais de respeito, ao longe, que os fiéis tinham com a Igreja, que é diferente daquela que tem agora. 
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