O ex-ministro da Justiça Anderson Torres, e secretário de Segurança de Brasília quando a cidade foi vandalizada a 8 de janeiro por apoiantes de Bolsonaro, disse esta terça-feira que fez um plano para evitar ataques, mas a polícia não cumpriu as diretrizes.
Torres, investigado por diversos crimes relacionados aos ataques à capital brasileira, afirmou em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso brasileiro que houve uma "falha grave" na execução do protocolo de ações definido por si na Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal.
O ex-secretário e ex-ministro, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse que o plano para evitar ações de radicais descontentes com o resultado da eleição presidencial foi concluído dois dias antes dos ataques e, entre outras medidas, "proibia as pessoas da posse, durante manifestações, de instrumentos capazes de produzir lesões corporais e danos ao património, como mastros de bandeira, canos de PVC, materiais metálicos e madeiras".
"O que posso afirmar com toda a segurança é que houve falha grave na execução do PAI (Plano de Ação Integrada). Se tivessem cumprindo à risca o plano, os atos do dia 8 de janeiro não teriam sido consumados", reiterou.
Anderson Torres, que ficou preso preventivamente por 117 dias devido aos atos golpistas, afirmou que viajou "tranquilo" para os Estados Unidos na noite de 6 de janeiro para tirar férias com a família porque não tinha informações sobre risco de ação radical em Brasília.
Torres afirma que o comandante militar do Planalto, general Eurico Gaspar Dutra, havia mostrado que o acampamento montado por apoiantes radicalizados de Bolsonaro em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, estava "praticamente desmontado", acrescentando que "não havia confirmação de autocarros chegando à cidade", versão muito diferente das informações divulgadas por órgão de Governo mencionados pelos 'media' locais.
Apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram a 8 de janeiro as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, obrigando à intervenção policial para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional. A invasão começou depois de militantes da extrema-direita brasileira apoiantes de Bolsonaro, derrotado pelo Presidente, Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios para tentar derrubar o novo Governo.