As chamas continuam a assolar várias regiões do país. Depois de uma semana em que praticamente todo o continente esteve sob uma onda de calor, os bombeiros continuam a combater os incêndios. Marco Martins, vice-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses reconhece que a semana passada foi “muito difícil” e que a resposta dada foi “a adequada e a possível face ao que são os números de ignições”.
“Na verdade tivemos uma semana muito difícil no que diz respeito aos incêndios e era previsível ter continuidade nestes próximos dias, porque, mesmo que as temperaturas baixassem, a humidade dos combustíveis é muito baixa e garantidamente qualquer foco que se iniciasse teria uma velocidade de propagação muito relevante”, afirma em entrevista à SIC Notícias.
Numa primeira intervenção, os bombeiros procuram conter e apagar o incêndio na primeira hora e meia, uma vez que, caso ultrapasse este limite, torna-se mais difícil de apagar resolver. O número de ignições que se registou na última semana prejudicou o combate uma vez que os meios são “finitos” e “não chegam a todo o lado".
“Dentro do que são os meios disponíveis, a resposta tem sido a mais adequada e o mais eficiente possível. Não é aquela que mais desejávamos, mas vamos conseguindo responder àquilo que são as ignições, numa grande percentagem em primeira intervenção – mais de 90% das missões são resolvidas na primeira intervenção. Naquelas em que passa uma hora e meia, torna-se mais difícil porque a propagação do incêndio é muito elevada, atinge áreas muito grandes e os meios, sendo finitos, não chegam a todo o lado”, explica, sublinhando que “a maior dificuldade é lutar contra as condições meteorológicas".
Os bombeiros preocupam-se primeiramente em proteger as pessoas e as suas habitação, pelo que procuram colocar os meios estrategicamente “onde existe o maior risco de pessoas e bens”. Às vezes, têm de “andar a correr” de aldeia em aldeia, uma vez que “as dinâmicas que o próprio incêndio cria, com os ventos locais, são muitas vezes difíceis de interpretar e de avaliar de uma forma mais assertiva”.
Marco Martins destaca a importância de criar uma estrutura de um comando nacional de bombeiros – uma reivindicação da Liga dos Bombeiros Portugueses. O vice-presidente defende que, desta forma, haveria uma “maior intervenção uniformizada” e uma “maior capacidade de organização no que é a vertente preventiva”. “Caso isso existisse estávamos melhor e mais bem preparados”, remata.
A Liga dos Bombeiros Portugueses vai também cancelar o protesto que tinha agendado para os próximos dias, que implicava a não realização dos transportes de doentes não urgentes. Marco Martins destaca que o Governo "ouviu as pretensões" dos bombeiros e que o Presidente da República recebeu a liga.