Um possível encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin pode ter implicações na guerra na Ucrânia. Ricardo Alexandre explica o que pode significar esta reunião e como a tomada de posse de Trump pode alterar o apoio dos EUA à Ucrânia.
“É evidente que este encontro vai acontecer, não haja a menor dúvida. Donald Trump, depois de perceber que a guerra não se resolvia em 24 horas, como ele disse que resolveria, tinha que dar um sinal. Até porque já admitiu que pode levar seis meses a resolver e dar o sinal é, rapidamente, tentar organizar um encontro com o Presidente russo, que já se mostrou disponível também para falar".
Um encontro que Ricardo Alexandre considera que já deveria ter acontecido num momento em que a Ucrânia estava numa posição mais favorável no terreno e que "acontece numa fase em que as coisas no terreno estão favoráveis à Federação Russa”.
“Provavelmente um encontro entre o Presidente dos Estados Unidos e o Presidente Russo era algo que já deveria ter acontecido há muito tempo, no interesse da Ucrânia, quando a Ucrânia estava numa posição menos debilitada no terreno”.
Houve oportunidades mais propícias no passado, nomeadamente quando a Ucrânia "começou a recuperar territórios: parte de Kherson, parte da região de Zaporíjia, provavelmente num momento de maior força operacional da Ucrânia teria sido mais útil para os ucranianos este encontro".
“A Ucrânia está numa posição de clara debilidade no terreno, com avanços russos que já são significativos no leste do oblast da região de Donetsk, com as reconhecidas dificuldades ucranianas em termos de material, em termos de equipamento, em termos de recursos humanos na linha da frente”.
O que muda com a tomada de posse de Trump?
Com a chegada de Trump ao poder, a dinâmica do apoio dos Estados Unidos à Ucrânia pode mudar drasticamente, nomeadamente um corte significativo nos recursos destinados ao esforço de guerra ucraniano.
“Pode mudar, desde logo, em termos de capacidade legislativa do novo poder americano. Porque vai ser mais fácil recusar apoio militar significativo à Ucrânia. A administração Biden foi até ao fim, ou está a ir até ao fim, no sentido de ir disponibilizando volumosas fatias de dinheiro para apoiar militarmente a Ucrânia. Esse tipo de apoio, a Ucrânia sabe, vai ser mais difícil a partir de 20 de janeiro".