O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considerou esta segunda-feira que a rebelião dos mercenários do grupo Wagner na Rússia mostra que a invasão da Ucrânia por ordem do Presidente russo, Vladimir Putin, foi um erro estratégico.
"Estamos a acompanhar a situação na Rússia. Os acontecimentos do fim de semana são um assunto interno da Rússia e mais uma demonstração do grande erro estratégico que o Presidente Putin cometeu em relação à anexação ilegal da Crimeia e na guerra contra a Ucrânia", disse Stoltenberg aos jornalistas em Vilnius, cidade que receberá a cimeira da Aliança Atlântica no próximo mês.
"Também estamos a acompanhar a situação na Bielorrússia", acrescentou Stoltenberg, após Moscovo ter enviado armas nucleares para aquele país no início deste mês, gesto que a NATO condenou.
"É imprudente e irresponsável. Não vemos qualquer indicação de que a Rússia se esteja a preparar para utilizar armas nucleares, mas a NATO permanece vigilante", adiantou o responsável da Aliança.
"O lugar da Ucrânia é na NATO"
Stoltenberg também sublinhou que agora ainda é mais importante manter o apoio a Kiev.
O secretário-geral da NATO indicou que, quanto mais a Ucrânia for bem-sucedida na sua contraofensiva para recuperar territórios ucranianos da Rússia, "mais fortes serão os seus trunfos a apresentar numa mesa de negociação".
Lembrou que os aliados estão a preparar apoios plurianuais à Ucrânia e decisões que a aproximem da organização militar.
"O seu lugar [da Ucrânia] é na NATO", sublinhou, reforçando que todos os aliados concordam que as portas da NATO continuam abertas para a Ucrânia e que, mais cedo ou mais tarde, o país será membro da Aliança.
"Serão os aliados e a Ucrânia a decidir [a sua entrada no bloco] . A Rússia não tem direito de veto", reafirmou Stoltenberg.
A rebelião militar na Rússia
O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, suspendeu as movimentações da rebelião na Rússia contra o comando militar, menos de 24 horas depois de ter ocupado Rostov, cidade-chave no sul do país para guerra na Ucrânia.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, qualificou de rebelião a ação do grupo, afirmando tratar-se de uma "ameaça mortal" ao Estado russo e uma traição, garantindo que não vai deixar acontecer uma "guerra civil".
Ao fim do dia de sábado, em que foi notícia o avanço de forças da Wagner até cerca de 200 quilómetros de Moscovo, Prigozhin anunciou ter negociado um acordo com o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.
Antes, o chefe do grupo paramilitar acusou o Exército russo de atacar acampamentos dos seus mercenários, causando "um número muito grande de vítimas".