A primeira conversa em mais de cinco meses entre os responsáveis das diplomacias norte-americana e russa, irá decorrer por telefone e focar-se-á na situação dos norte-americanos detidos na Rússia e na retoma das exportações ucranianas de cereais, objeto de um acordo na semana passada, mediado pelas Nações Unidas e Turquia.
O secretário de Estado norte-americano especificou durante uma conferência de imprensa que "não será uma negociação sobre a Ucrânia", mas deverá ser principalmente dedicada aos norte-americanos detidos na Rússia e à retoma das exportações de cereais ucranianos.
O último diálogo entre Blinken e Lavrov foi em 15 de fevereiro, quando o diplomata norte-americano instou a Rússia a não avançar com a invasão da Ucrânia, o que se confirmou nove dias depois.
Na 'mesa' dos dois ministros dos Negócios Estrangeiros estará agora o acordo entre Kiev e Moscovo, assinado na semana passada em Istambul para permitir o escoamento de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos ucranianos.
"Esperamos que este acordo permita rapidamente que os cereais ucranianos sejam enviados novamente pelo mar Negro e que a Rússia honre a sua promessa de permitir a passagem destes navios", sublinhou Antony Blinken.
Desde que o acordo foi firmado, as autoridades ucranianas têm alertado que não confiam em Moscovo e relataram ataques russos à região de Odessa.
O Kremlin, pelo seu lado, tem defendido que não vê obstáculos à retoma das exportações, que estão também dependentes da retirada das minas marítimas colocadas pelas forças ucranianas para se protegerem contra um ataque russo por esta via.
Outro assunto prioritário para a Casa Branca é a libertação de Paul Whelan e da basquetebolista Brittney Griner, que segundo Blinken estão detidos "injustamente" e deviam poder voltar para casa. A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.A organização internacional tem observado o regresso de pessoas ao território ucraniano, mas adverte que estão previstas novas vagas de deslocação devido à insegurança e à falta de abastecimento de gás e água nas áreas afetadas por confrontos.