O Kremlin acusou esta quarta-feira a Ucrânia de “total ausência de vontade” para negociar com a Rússia e para pôr termo ao conflito que decorre em solo ucraniano desde o início da ofensiva russa em 24 de fevereiro.
“As negociações não avançam e verificamos uma total ausência de vontade dos negociadores ucranianos de prosseguirem este processo”, declarou aos ‘media’ o porta-voz da Presidência russa (Kremlin), Dmitri Peskov, um dia depois da Presidência ucraniana ter referido que as conversações estavam suspensas devido a Moscovo.
“O processo de negociações está em pausa”, declarou, na terça-feira, Mykhailo Podoliak, um conselheiro do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“A Rússia não reconheceu um elemento-chave: a compreensão do que (…) se passa atualmente no mundo e o seu papel extremamente negativo”, afirmou o conselheiro ucraniano na mesma ocasião.
Já decorreram diversos encontros entre negociadores das duas partes, mas sem qualquer resultado positivo.
A última reunião entre os chefes das delegações, Vladimir Medinski, do lado russo, e David Arakhamia, do lado ucraniano, remonta a 22 de abril, segundo as agências russas.
Kremlin não possui informação sobre soldado russo julgado por crimes de guerra
O Kremlin também assegurou esta quarta-feira não possuir qualquer informação sobre o caso do soldado russo julgado a partir desta quarta-feira por crime de guerra na Ucrânia, acusando Kiev de fabricar acusações deste género e dirigidas à Rússia.
“Até ao momento, não temos qualquer informação. E as possibilidades de ajudar [o detido] são muito limitadas devido à ausência de representação diplomática”, disse Dmitri Peskov, ao considerar que as numerosas acusações de crimes de guerra dirigidas ao exército russo “são falsas ou são encenações”.
O soldado russo Vadim Chichimarine, de 21 anos, comparece esta quarta-feira a partir das 14:00 locais (12:00 em Lisboa) perante um tribunal em Kiev, onde deverá pronunciar-se sobre a morte de um homem de 62 anos, em 28 de fevereiro, no nordeste da Ucrânia.
Indiciado por crimes de guerra e morte com premeditação, o militar natural de Irkutsk, na Sibéria, arrisca uma pena de prisão perpétua.
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