Guerra Rússia-Ucrânia

PCP recusa ouvir Zelensky: partido “não consegue ver o óbvio”

Bernardo Ferrão analisa a posição do PCP, anunciada esta quarta-feira.

O PCP anunciou, esta quarta-feira, que não irá estar presente durante a intervenção do Presidente ucraniano no Parlamento português. Paula Santos, líder parlamentar do PCP, disse que Volodymyr Zelensky “personifica um poder xenófobo e belicista rodeado e sustentado de forças de cariz fascista e neonazi”. Bernardo Ferrão, diretor-adjunto de Informação da SIC, considera a posição é “coerente”, mas afirma que o PCP “não consegue ver o óbvio”.

“Acho que a posição que o PCP assume é coerente para o Partido Comunista, sobretudo para a atual situação, em que está cada vez mais fechado sobre si próprio. Mas é a cegueira – já nem digo ideológica – relativamente àquilo que se está a passar, que me parece chocar as pessoas”, diz o jornalista.

Bernardo Ferrão lembra que não é a primeira vez que o partido toma uma posição semelhante, mas sublinha que a intervenção de Zelensky na Assembleia da República não vai “dar palco à instigação da escalada da guerra” – como disse Paula Santos – porque “os palcos já lá estão todos, a guerra está a acontecer”.

“O mais grave são as palavras que Paula Santos usa e a não-presença, obviamente”, acrescenta Ferrão. “Tudo isto faz-nos pensar: que PCP é este? Em que é que se tornou este partido, com tanta importância na história de Portugal, mas que, nesta altura, não consegue ver o óbvio porque está de tal forma agarrado à sua quase teologia, à crença absoluta naquele modelo em que eles acreditam, que nem conseguem ver o óbvio que se está a passar?”

O jornalista lembra que o PCP era um dos partidos que, até há poucos meses, apoiava o Governo socialista no Parlamento. E coloca mais uma pergunta: “Em que situações estaríamos, neste momento, se o Governo ainda dependesse do apoio do PCP?”

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