O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, excluiu este domingo que o Presidente russo pudesse ordenar um corte no fornecimento de petróleo e gás à Europa como retaliação pelas sanções impostas pelo Ocidente.
A Rússia “precisa de vender o seu petróleo e gás”, disse Borrell.
No entanto, reconheceu que Putin é uma pessoa imprevisível de quem se pode esperar qualquer coisa.
“Não estou na cabeça de Putin e não sei o que é que ele vai fazer. Nunca pensei que ele fosse invadir, e mais do que invadir, destruir a Ucrânia como ele está a fazer”, disse.
A Europa encontra-se numa situação contraditória, pois se por um lado quer desligar as importações de petróleo e gás da Rússia para a isolar e atingir ainda mais duramente em resposta à guerra na Ucrânia, as suas sanções económicas já tiveram o efeito colateral de aumentar os preços da energia, que estão a atingir duramente os consumidores.
Borrell, contudo, insistiu na necessidade de manter e intensificar as sanções contra a Rússia, uma vez que Putin “está a pulverizar” as cidades ucranianas.
“Como não pode conquistá-los, está a bombardeá-los, causando um enorme número de baixas civis”, disse.
Mas salientou que se os Estados Unidos decidiram proibir as importações de petróleo e gás russo, é porque “importam muito pouco, se não quase nada”, enquanto os países europeus “importam muito”.
“Uma pequena diferença. Desistir do que não se tem está bem, mas quando se tem, é preciso pensar duas vezes antes de tomar uma decisão, e de momento (…) os Chefes de Estado e de Governo não tomaram esta decisão”.
Sobre a resolução do conflito, o diplomata disse que a UE está a contribuir para encontrar uma solução diplomática, porque “todas as guerras terminam, e quanto mais cedo melhor, com um cessar-fogo primeiro e um acordo de paz depois”.
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