O Irão diz ter lançado cerca de 200 mísseis contra várias cidades de Israel e ameaça com mais ataques em caso de resposta. Telavive garante que o ataque foi um erro e que o Irão vai pagar. Para João Annes, do Observatório de Segurança e Defesa da SEDES, é “inevitável” uma resposta de Israel que “historicamente tem sido sempre na proporção dos impactos”.
O Irão suspendeu todos os voos no aeroporto internacional do Teerão. Até quinta-feira, os voos para e a partir do aeroporto estão cancelados. O anúncio foi feito depois do ataque de mísseis lançado contra Israel, em resposta ao assassínio dos chefes do Hamas e do Hezbollah.
Israel estará assim a contabilizar os danos deste ataque iraniano para responder em igual proporção, mas um fator estará a dificultar o impacto da contabilizar o efeito da ofensiva de Teerão, feita não só através de mísseis balísticos.
“Esses impactos ainda estão a ser avaliados e medidos, até porque para além do ataque aéreo (…) existiram também algumas ações no terreno que ainda estão a ser investigadas, nomeadamente em Jaffa, mas também existiu uma outra componente que ainda está a ser pouco noticiada que ocorreu em simultâneo com este ataque aéreo, foi um ciberataque massivo às estruturas de governação, às redes do Governo, às infraestruturas críticas e aos sistemas de comunicações de defesa de Israel, justamente com o objetivo de provocar disrupção, dificultar a capacidade de resposta de Israel ao ataque aéreo”, explica João Annes.
Na opinião do especialista em Segurança e Defesa, existe para já essa dificuldade em avaliar todos os danos e de tudo o que se passou, apesar de já terem passado algumas horas do ataque. Só então Israel vai decidir qual a resposta a dar a Teerão.
EUA anuncia que vai articular resposta com Israel
O Departamento de Estado dos Estados Unidos já anunciou que vai coordenar com Israel a medida exata dessa resposta a Teerão.
“Esta parece ser também uma forma dos EUA dizerem que vão aplicar também alguns constrangimentos e vão procurar gerir com Israel esta situação para que ela não possa levar a uma escalada sem controlo deste conflito”.
Ofensiva no Líbano
Ao mesmo tempo e já depois dos ataques nas últimas horas, assistimos a novas investidas de Israel no Líbano e ao anúncio, já esta manhã, do pedido de evacuação de algumas localidades.
Sobre a possibilidade de estas ações poderem levar a nova ação iraniana contra Telavive, João Annes considera que essa é uma questão de difícil resposta, mas tendo em conta a comunicação que vem do Irão que indica que “este ataque visou responder àquilo que foi não só o assassinato de Haniyeh, como também a eliminação da estrutura de comando e de liderança do Hezbollah”, o especialista diz que não se pode, para já, “traçar um nexo causa- efeito entre este ataque que aconteceu esta noite e a incursão no Líbano”, embora também “não descarte essa possibilidade”.
“No entanto, também temos que perceber que o Irão gastou centenas, muitas largas centenas de milhões de euros, utilizou novos mísseis, mas o impacto que teve, por aquilo que foi possível até agora verificar, foi relativamente reduzido”, realça João Annes, do Observatório de Segurança e Defesa da SEDES, em entrevista da SIC Notícias.