A 17.ª etapa do calendário da Fórmula 1 leva-nos até às margens do Mar Cáspio. O Grande Prémio do Azerbaijão realiza-se no circuito urbano de Baku, entre 19 e 21 de setembro, numa prova que tende a proporcionar corridas emocionantes e desfechos imprevisíveis, capazes de baralhar por completo a classificação do campeonato.
O Grande Prémio do Azerbaijão é conhecido pelo seu famoso circuito citadino, que percorre o coração da cidade de Baku, passando tanto pelo centro histórico da capital como pela zona mais moderna.
Atualmente, é a terceira pista mais longa do calendário da Fórmula 1, apenas atrás de Spa-Francorchamps e Jeddah, com um total de 6,003 km de extensão e 20 curvas. Conta com duas zonas de DRS (Drag Reduction System) e 51 voltas no total.
Tal como no Grande Prémio do Mónaco, qualquer erro pode ser fatal, devido às curvas apertadas e à proximidade constante dos muros. Apesar disso, é também uma das pistas mais rápidas do campeonato, com os pilotos a atingirem velocidades na ordem dos 340 km/h na longa reta principal.
Em que horários se realiza o GP do Azerbaijão?
Sexta-feira, 19 de setembro:
- Treino Livre 1 (FP1): 09:30 - 10:30
- Treino Livre 2 (FP2): 13:00 - 14:00
Sábado, 20 de setembro:
- Treino Livre 3 (FP3): 09:30 - 10:30
- Qualificação: 13:00 - 14:00
Domingo, 21 de setembro:
- Corrida: 12:00
(Horário de Portugal Continental)
Jovem no calendário, mas gigante na história
Pode não parecer, mas o Grande Prémio do Azerbaijão é um dos mais recentes no calendário da Fórmula 1, com menos de uma década de existência.
A sua estreia teve lugar em 2016 e, ao longo das oito corridas que acolheu desde então, já provou ter muito para oferecer.
“Luvas! Luvas! Volante!”
No Grande Prémio do Azerbaijão de 2017, Kimi Räikkönen, passou por uma situação caricata: após uma relargada depois de bandeira vermelha, os mecânicos empurraram o seu carro para fora das boxes, mas esqueceram-se de um acessório fundamental: o volante.
Para piorar, o famoso "Homem de Gelo" reparou que também não tinha as luvas. Um momento que ficou na história da Fórmula 1 como um dos melhores 'memes' da modalidade.
Wall of pain
As curvas apertadas do circuito de Baku são implacáveis e nem os mais talentosos pilotos do mundo escapam a esta realidade. Os muros e as barreiras do traçado citadino fazem invariavelmente novas vítimas, mas há quem seja repetente a experienciar este desfecho.
É o caso do piloto da Ferrari, Charles Leclerc. Ainda na primeira sessão de treinos livres do Grande Prémio de 2024, numa aceleração excessiva na curva 15, o monegasco perdeu o controlo do SF-24, que acabou semidestruído nas barreiras.
O exemplo mais célebre desta relação de proximidade entre Leclerc e os muros de Baku registou-se na qualificação para a corrida de 2019, com o piloto ‘ferrarista’ a despistar-se na altamente desafiante - e tantas vezes fatídica - “subida do Castelo" - tem sete metros de largura, apenas mais cinco que um carro de Fórmula 1 - e a proferir um desabafo que viria a transformar-se num meme global.
Leclerc e Baku: um romance agridoce
Apesar dos incidentes que tantas vezes comprometeram as prestações do piloto monegasco no Azerbaijão, Charles Leclerc é o rei dos sábados em Baku. Recordista de pole positions naquele Grande Prémio, foi o mais rápido nas últimas quatro sessões de qualificação, entre 2021 e 2024.
Caso alcance a quinta pole em Baku, Leclerc igualará um recorde na Ferrari do lendário Michael Schumacher, que alcançou uma série de cinco poles consecutivas em duas pistas: Suzuka (GP Japão) e Barcelona (GP Espanha).
A hegemonia alcançada ao sábado não tem, contudo, tido reflexo na corrida de domingo, uma vez que Leclerc nunca venceu em Baku.
Tal sequência é muito rara na história da Fórmula 1, sendo que apenas outros dois pilotos repetiram tal registo: Ayrton Senna (conquistou seis poles no Grande Prémio da Austrália, tendo apenas vencido à quinta tentativa) e Jim Clark (saiu do primeiro lugar da grelha no Mónaco em quatro ocasiões, mas nunca terminou as corridas no dia seguinte).
O “botão mágico” que traiu Hamilton
Na dramática temporada de 2021, decidida na última volta da última corrida, um toque involuntário num botão do volante do Mercedes W12 fez com que Lewis Hamilton falhasse a travagem para a curva 1 e perdesse a oportunidade de somar pontos (cruciais) no Grande Prémio do Azerbaijão.
O piloto britânico arrancava da segunda posição para o reinício de corrida, depois de um período de bandeira vermelha motivado por um acidente do rival Max Verstappen. Na tentativa de ultrapassar Sergio Pérez - único piloto que venceu duas vezes no Azerbaijão - Hamilton falhou a travagem e acabou na escapatória da primeira curva, terminando a prova no penúltimo lugar. Um momento agonizante que quase deixou o antigo piloto Mark Webber sem voz.
O "botão mágico", como é denominado, muda o equilíbrio dos travões para as rodas dianteiras e ajuda os pilotos a colocar temperatura nos pneus e nos travões durante as voltas de formação ou nos recomeços de corrida depois de um safety car. O toque acidental de Hamilton deixou o W12 sem travões na parte traseira, o que motivou o bloqueio das rodas e a inevitável saída de pista.
The Danny Ric Show
Um dos momentos mais icónicos na curta, ainda que intensa, história do Grande Prémio do Azerbaijão foi protagonizado por um dos pilotos mais carismáticos das últimas décadas. Falamos, claro, de Daniel Ricciardo.
A impressionante sequência de ultrapassagens na corrida de 2017, vencida pelo piloto australiano depois de um arranque do 10.º lugar da grelha, teve como apogeu uma disputa a três em plena curva 1, no final da reta da meta.
Quem venceu no ano passado?
Por falar em talento australiano, o circuito de Baku testemunhou em 2024 a segunda vitória da carreira de Oscar Piastri, um triunfo que, aliado à quarta posição de Lando Norris, valeu à McLaren a subida ao topo do Mundial de Construtores (de onde já não saiu), ultrapassando a Red Bull.
Charles Leclerc, no segundo lugar, e George Russell, em terceiro, completaram o pódio.
Quem também se destacou foi Franco Colapinto, que conquistou os primeiros pontos da carreira, ao terminar em oitavo. Albon foi sétimo e os dois carros da Williams ficaram nos pontos, algo que não ocorria desde o Grande Prémio dos EUA de 2023.
Quem lidera os Campeonatos de Pilotos e Construtores?
Com 16 de 24 provas disputadas na temporada de 2025, Oscar Piastri (McLaren) mantém uma vantagem sólida no topo do Mundial de Pilotos, ainda que mais curta face à corrida anterior visto que terminou atrás do colega de equipa Lando Norris em Monza.
No Campeonato de Construtores, a McLaren caminha, a passos largos, rumo ao segundo título consecutivo: tem 617 pontos, mais do dobro face à Ferrari (280) e à Mercedes (260).
McLaren pode sagrar-se campeã em Baku
A McLaren tem agora 617 pontos, e está 337 pontos à frente da Ferrari (que é o segundo classificado). Ainda faltam oito corridas para o final da temporada, mas o futuro da equipa britânica pode ser decidido já este fim de semana.
Como explica a Sky Sports, para garantir o título de Construtores já em Baku, a McLaren precisa que, nessa corrida, se verifiquem as seguintes condições:
- Ganhar pelo menos 9 pontos a mais do que a Ferrari
- Não perder mais de 12 pontos para a Mercedes
- Não permitir que a Red Bull recupere mais de 33 pontos
Se a McLaren conquistar o título em Baku, estabelecerá um novo recorde ao sagrar-se campeã com o maior número de corridas ainda por disputar. Atualmente, esse feito pertence à Red Bull, que em 2023, durante o Grande Prémio do Japão, garantiu o campeonato com seis Grandes Prémios por realizar.
A equipa britânica pode agora superar essa marca, fechando o título com sete provas de antecedência. Recorde-se que, no ano passado, a McLaren quebrou um jejum de 26 anos ao conquistar o seu primeiro Campeonato do Mundo de Construtores desde 1998, então com Mika Häkkinen e David Coulthard.