Eleições Legislativas

CNE esclarece: cada voto "vai contar exatamente como escolhido" pelo próprio eleitor

A Comissão Nacional de Eleições lançou um comunicado onde explica o funcionamento das mesas de voto, quem participa e qual o respeito e escrutínio que exige para que o voto de cada eleitor seja respeitado.

Martin Bertrand / EyeEm

Maria Madalena Freire

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) esclareceu esta terça-feira como funcionam as mesas de voto nas Eleições Legislativas, tendo em conta as questões e dúvidas que têm surgido nos últimos dias. A entidade assegurou que a participação nas mesas de voto “nos 50 anos vividos em democracia” fez com que nenhum resultado eleitoral tenha sido globalmente contestado.

Num comunicado, a Comissão Nacional de Eleições tenta colocar um ponto final nas dúvidas relativamente à forma como procedem as mesas de voto.

Em primeiro lugar, a CNE garantiu que o voto de cada cidadão vai contar exatamente como escolhido pelo próprio. Depois, ainda explicou que as mesas de voto são compostas por cidadãos indicados por todos os partidos ou coligações que concorrem à eleição.

Da mesma forma, a CNE intervém sempre que tenha conhecimento de situações em que não esteja garantida a pluralidade na composição das mesas de voto.

A entidade ainda assegurou que cada candidatura tem o direito de nomear um delegado para fiscalizar os trabalhos das mesas.

"O nosso sistema eleitoral caracteriza-se por uma ampla participação dos partidos e dos cidadãos que é a maior garantia da integridade e justiça de cada eleição. Estas características constituem a razão última para que, nos 50 anos vividos em democracia, nenhum resultado eleitoral tenha sido globalmente contestado", lê-se no comunicado.

Tendo tudo isto em conta, a CNE disse não se conhecer razão para que, hoje, esta segurança eleitoral seja diferente.

As fábulas de Ventura

Nos últimos dias, o líder do Chega tem avançado com algumas contestações relativamente a supostas "ameaças” nas redes sociais a respeito dos votos no Chega.

No entanto, consideraram-se apenas piadas. Mas isso, para André Ventura, não chegou como justificação.

No domingo, André Ventura insistiu nas suspeitas, alertando para uma publicação de um elemento que iria estar nas mesas de voto em Aveiro e disse nas redes sociais que se preparava para anular os votos no Chega.

O Bloco de Esquerda condenou essa "piada de mau gosto" e instou este elemento a pedir dispensa da função que iria exercer, o que aconteceu antes da denúncia de Ventura.

Ventura disse ter recibo uma denúncia enviada à CNE na quinta-feira sobre este caso, contrariando Fernando Anastácio.

Quando chegou ao jantar/comício, que decorreu no mesmo local onde apresentou a sua candidatura a Presidente da República em 2021, o líder do Chega mostrou uma nova publicação da rede social X (antigo Twitter) para sustentar a sua teoria da possibilidade de os resultados eleitorais serem desvirtuados.

Em causa está um publicação de uma pessoa que se identifica como membro do Livre que escreveu: "estarei nas mesas de voto. Comigo estão avisados que todos os votos em branco irão para a IL e obviamente todos os votos da AD e do Chega serão nulos".

Na publicação, datada de sábado, o autor do 'post' acrescentou o seguinte comentário: "claro que é piada".

Esta segunda-feira, a CNE disse que vai analisar as suspeitas levantadas pelo presidente do Chega sobre a possibilidade de anulação propositada de votos no partido nas legislativas.

O mesmo filme, personagem diferente

André Ventura tem alinhado, nos últimos dias, num discurso semelhante a Jair Bolsonaro e, até Donald Trump, que também contestaram os resultados eleitorais - alegando fraude - quando se avizinhavam - e mesmo após - derrotas eleitorais.

O senado brasileiro aprovou em outubro o relatório da comissão parlamentar de inquérito à invasão de Brasília, em janeiro. Jair Bolsonaro é considerado autor moral da tentativa de golpe de Estado.

Existem semelhanças dessa tentativa com a invasão ao Capitólio nos Estados Unidos, também em janeiro - mas em 2021 - na era de Donald Trump, “amigo político” de Jair Bolsonaro.

O líder do Chega anunciou e organizou em abril a presença do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, em Lisboa para um encontro organizado pelo partido com figuras da extrema-direita de vários países.

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