Eleições Legislativas

Noite histórica: CDS fora do Parlamento pela primeira vez em Democracia

Partido foi fundado em 1974. 48 anos depois, estará perto do fim?

Menos de 90 mil votos e de 2% de votação nas eleições legislativas de 2022. Este é o retrato atual do CDS. Um partido histórico da Democracia portuguesa, membro de Governos e impulsionador de figuras históricas, que hoje fica reduzido a zero.

O partido dos democratas cristãos foi fundado no ano da Revolução dos Cravos, 1974, com o nome de Partido do Centro Democrático Social. Anos depois, passaria a CDS-PP.

Diogo Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa, Paulo Portas, entre muitos outros, constituíram a história de um partido que já se juntou, em Governos, ao Partido Socialista e ao Partido Social Democrata.

O atual líder dos centristas, Francisco Rodrigues dos Santos, falhou na missão de se aproximar aos resultados do passado.

Este domingo, 30 de janeiro de 2022, o CDS despede-se dos corredores do Parlamento.

Freitas do Amaral, o primeiro a ir à luta

Diogo Freitas do Amaral enfrentou as primeiras quatro eleições legislativas do partido – 1975, 1976, 1979 e 1980 -, conseguindo, nestas últimas três ocasiões, os melhores resultados da história do partido.

Cerca de 42, 43 e 46 deputados, foram estes os resultados numa altura em que existiam 263, e depois 250 lugares no Parlamento.

A quebra pós-AD

Com Lucas Pires, em 1983, perdeu 16 deputados (30) e saltou de um Governo da Aliança Democrática – com o PSD e o PPM – para a oposição.

Dois anos depois (1985), menos oito deputados, ficando com 22, mas prestando apoio parlamentar aos sociais-democratas, liderados por Aníbal Cavaco Silva.

Pelas ruas da amargura

Adriano Moreira (1987) com quatro deputados, número que tornou o CDS no “Partido do Táxi”, seguido de Freitas do Amaral – novamente – com cinco deputados, foram os números mais baixos do CDS no Parlamento.

Vivia-se, na altura, o por muitos chamado “Cavaquismo”, com maiorias “absolutíssimas” do ex-Presidente da República, captando muito do voto à Direita.

Manuel Monteiro, em 1995, viria a triplicar o número de deputados centristas: passavam a ser 15 na casa da Democracia.

A irrevogável estabilidade dos números de Portas

Em 1999, Paulo Portas assume o comando do CDS nas primeiras eleições legislativas, alcançando os mesmos 15 lugares de Manuel Monteiro.

Três anos depois (2002), perderia um deputado (14), mas ganharia um lugar no Governo liderado pelo social-democrata Durão Barroso.

Já em 2005, de volta à oposição, com menos dois deputados, ficando com 12, o pior resultado desde 1992.

Táxi ganha velocidade

O ano de 2009 verificou um grande crescimento do número de deputados centristas na Assembleia da República, ficando agora com 21.

Dois anos depois (2011), com a queda do Governo socialista de José Sócrates, o CDS reforça o seu papel de terceira força política em Portugal, chega aos 24 deputados e forma Governo com o PSD de Pedro Passos Coelho.

Meio gás e declínio

O CDS perdeu o gás em 2015, durante a PAF – Portugal à Frente, e viu irem embora seis lugares: passaria a ficar com 18.

A criação da Geringonça, entre PS, PCP e Bloco de Esquerda, marcaria a mudança nos centristas.

Já com Assunção Cristas (2019) à frente dos destinos do CDS – a primeira mulher nesta posição do partido -, o partido passaria, 32 anos depois, para o quinto lugar nas opções dos portugueses, ficando com apenas 5 deputados – o valor mais baixo desde 1991.

O fim de uma caminhada parlamentar

Chocante, ou nem tanto. Inacreditável, ou expectável depois de toda a novela em volta do partido.

O CDS, no dia 30 de janeiro de 2022, assinala o fim da sua representação parlamentar.

Depois de disputas internas, Francisco Rodrigues dos Santos decidiu dar a cara pelos centristas nestas eleições legislativas. Resultado? o adeus.

O “Partido do Táxi”, de Governos e de grandes grupos parlamentares vê-se reduzido a zero. Rodrigues dos Santos demite-se da liderança do partido. E Portugal vê um histórico, por enquanto, desaparecer.

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