Na primeira sondagem depois da queda do Governo e a dois meses das eleições antecipadas, o trabalho do ICS/ISCTE para a SIC e para o Expresso revela que se as legislativas fossem hoje, a AD venceria com 20% das intenções de voto. O PS ficaria em segundo lugar com 15% e o Chega mantinha-se como terceira força política, com 9%, mas a grande surpresa deste inquérito vai para a percentagem de indecisos que atinge os 39%, o dobro do registado nas últimas legislativas. Na restante distribuição das intenções de voto está a Iniciativa Liberal com 4% dos votos e um empate entre os três partidos às esquerda (CDU, Livre e Bloco de Esquerda).
O número da abstenção "é de tal maneira dramático (...) há mais gente que não sabe em quem votar do que as pessoas que dizem que votam ou na AD ou no PS. E isto faz com que, por exemplo, mesmo os autores da sondagem não tenham conseguido fazer uma coisa que muitas vezes se faz, que é a distribuição dos indecisos", explica Martim Silva.
O subdiretor de Informação da SIC lembra o número previsto da sondagem "há um ano era 18% e achávamos que era muito. Estes 39%, é fácil perceber, são mais, inclusivamente, que os votos somados da AD e do PS, que dá 35%".
Martim Silva considera que os resultado desta sondagem "seguramente não é uma má notícia" para Luís Montenegro.
"Estamos em Portugal há mais de um mês em crise política. Vamos para as terceiras eleições legislativas em três anos. Uma crise política provocada por uma crise à volta da situação de Luís Montenegro e, portanto, haveria a expectativa se nesta primeira sondagem, agora que sabemos que vamos para eleições, o PSD, a AD, o Governo e Luís Montenegro seriam ou não penalizados. Aparentemente, não são, pelo menos na intenção de voto.
Portanto, eu diria que, embora haja muitos indecisos, a verdade é que esta sondagem é uma sondagem que, se há alguém que permite sorrir um bocadinho, é seguramente mais a Luís Montenegro do que, por exemplo, a Pedro Nuno Santos", refere o subdiretor de Informação da SIC.
Este estudo de opinião foi coordenado pelo ICS e pelo ISCTE para a SIC e para o Expresso. A informação foi recolhida num universo de indivíduos maiores de 18 anos, residentes em Portugal, através de entrevista telefónica. O trabalho de campo foi realizado pela GfK Metris entre 12 e 17 de março, tendo sido contactados 5397 indivíduos e validadas 802 entrevistas. A margem de erro máxima é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%.