As vacinas para crianças dos 5 aos 11 anos, do consórcio farmacêutico BioNTech/Pfizer, chegam à União Europeia (UE) a partir de 13 de dezembro, anunciou esta quarta-feira a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
"Falei com a BioNTech/Pfizer sobre as vacinas para crianças e, desde ontem [terça-feira], há boas notícias: eles são capazes de acelerar e isto quer dizer que as vacinas para crianças estarão disponíveis a partir de 13 de dezembro", declarou a responsável, em conferência de imprensa, em Bruxelas.
O regulador europeu - a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) - recomendou, na semana passada, a administração da vacina contra a covid-19 da Pfizer/BioNTech a crianças desta faixa etária a que se seguiu o anúncio da Comissão Europeia de compra de doses.
Esta é a primeira vacina aprovada na UE para crianças dos 5 aos 11 anos, numa altura em que se verificam aumentos de casos nestas idades e quando os Estados Unidos já a administram. Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde deverá emitir uma recomendação esta semana, após receber um parecer da comissão técnica de vacinação.
Relativamente à vacinação das crianças, a Sociedade Portuguesa de Pediatria considerou, na semana passada, que as vacinas contra a covid-19 são seguras no grupo etário dos 5 aos 11 anos, mas defendeu que a decisão de vacinar deve ter em conta outros dados, como a prevalência da infeção nas crianças.
Já na passada quinta-feira, o primeiro-ministro disse que caso a inoculação venha a ter o aval da comissão técnica de vacinação, as vacinas chegam a Portugal a partir de 20 de dezembro. António Costa adiantou que o Governo já tem o fornecimento de vacinas pediátricas contratualizado com a farmacêutica Pfizer e que garante a cobertura das mais de 600 mil crianças nesta faixa etária.
Doses de reforço? UE terá vacinas suficientes até à primavera de 2022
A União Europeia (UE) terá, até à primavera do próximo ano, um total de 360 milhões de vacinas anticovid-19 da tecnologia do ARN mensageiro, o suficiente para doses de reforço para todos.
"Da BioNTech/Pfizer e da Moderna teremos 360 milhões de doses de vacinas de ARN mensageiro que serão entregues até ao final do primeiro trimestre de 2022, o que é suficiente para que todos os europeus totalmente vacinados recebam uma dose de reforço", anunicou Ursula von der Leyen.
Em Bruxelas, a responsável vincou que esta "é uma boa notícia. Portanto, tomem-na", apelou a líder do executivo comunitário.
O anúncio foi feito quando a UE ultrapassou já os 250 milhões de casos de covid-19 e as cinco milhões de mortes e também numa altura em que 77% da população adulta e 66% dos cidadãos em geral estão totalmente vacinados, de acordo com dados hoje divulgados por Ursula von der Leyen.
Nesta altura, assiste-se a um acentuado ressurgimento dos casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, estando a UE ainda preocupada relativamente à altamente mutante variante Ómicron, detetada inicialmente na África do Sul.
A Comissão Europeia pediu hoje aos Estados-membros da UE para avançarem com "restrições específicas" e às viagens de zonas arriscadas para conter a Ómicron, solicitando ainda campanhas para os não vacinados e doses de reforço.
Numa comunicação publicada hoje, a Comissão Europeia exorta os Estados-membros a "intensificar a vacinação, à rápida administração de reforços, à vigilância e à reação rápida face à variante Ómicron".
"O aumento em casos de doença grave, especialmente entre os não vacinados, resultou numa enorme pressão sobre os hospitais e sobre o pessoal de saúde já sobrecarregado", retrata o executivo comunitário.
Por isso, a instituição pede que os Estados-membros - sobre os quais recai a competência na área da saúde - tenham uma ação coordenada, que passa por "levar a cabo campanhas renovadas para atingir as pessoas não vacinadas em todos os grupos etários elegíveis, com estratégias nacionais específicas para lidar com a hesitação de vacinas".
Os países devem, também, "aplicar rapidamente doses de reforço para manter níveis fortes de proteção contra o vírus, incluindo a variante Ómicron, a começar pelos grupos mais vulneráveis", bem como "pôr em prática precauções e restrições específicas e proporcionadas para limitar a propagação do vírus", argumenta Bruxelas.
"Deve ser assegurada uma coordenação total da UE. O aparecimento da variante Ómicron significa que deve ser dada particular atenção à aplicação e comunicação de medidas específicas sobre contactos durante o período de fim de ano", avisa a Comissão Europeia, numa alusão à época natalícia.
Dados hoje divulgados revelam que já existem 59 casos da variante Ómicron na UE, todos com historial de viagem para países da África Austral, sendo Portugal o segundo país com mais casos, só atrás dos Países Baixos.
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