Coronavírus

Vacinação indevida contra a covid-19. Vereador da Câmara de Lisboa demite-se

Carlos Manuel Castro foi vacinado com as sobras das vacinas que estavam destinadas aos lares de idosos da capital. Vai ser substituído no cargo por Miguel Gaspar.

(Arquivo)
Reprodução/Facebook Carlos Manuel Castro

SIC Notícias

O vereador da Proteção Civil na Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Manuel Castro, renunciou esta terça-feira ao cargo, depois de ter sido vacinado contra a covid-19, quando foram administradas doses que sobraram dos lares.

"O vereador Carlos Manuel Castro apresentou hoje o seu pedido de renúncia ao cargo, pedido que foi de imediato aceite pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa", lê-se num comunicado divulgado hoje pela autarquia.

No dia 9 de fevereiro, a Câmara de Lisboa fez saber que, na sequência da vacinação em lares e residências para idosos, sobraram 126 vacinas, uma média de 18 por dia.

Dando cumprimento às determinações das autoridades de saúde, indicou a autarquia, foram ministradas 26 doses das vacinas a elementos das equipas envolvidas diretamente da operação de inoculação nos lares, designadamente 15 enfermeiros e oito elementos da Proteção Civil municipal presentes no local da vacinação, entre os quais o vereador com a pasta respetiva, e também três elementos da Higiene Urbana, entre os quais a sua diretora, envolvidos no processo de recolha das seringas utilizadas na vacinação.

As restantes 100 sobras "foram ministradas a profissionais dos grupos constantes na primeira fase de prioridade definida" pela Direção-Geral da Saúde.

"Foram assim vacinados 56 bombeiros voluntários e o comandante e subcomandante do Regimento de Sapadores Bombeiros, e 42 elementos da Polícia Municipal, incluindo o comandante e subcomandante", especificou a autarquia.

Na nota de hoje, a Câmara de Lisboa refere que "serão remetidos às autoridades competentes todos os elementos apurados relativos à participação da Proteção Civil no processo de vacinação dos lares para avaliação externa e independente dos mesmos".

Na rede social Facebook, Carlos Manuel Castro partilhou a carta que enviou ao presidente da Câmara lisboeta, Fernando Medina:

O pelouro da Proteção Civil passará a ser assumido pelo vereador Miguel Gaspar, detentor das pastas das Mobilidade, Segurança, Economia e Inovação, indicou a autarquia.

"O presidente da Câmara Municipal reitera a confiança no comandante do Regimento de Sapadores Bombeiros, no comandante da Polícia Municipal e na diretora municipal de Higiene Urbana, cuja vacinação decorreu por determinação de superior hierárquico e na convicção do cumprimento de todas as normas", lê-se ainda no comunicado.

Na quinta-feira passada, o PSD/Lisboa expressou "indignação" por o vereador Carlos Castro ter sido vacinado contra covid-19, acusando o autarca do PS de se aproveitar de "sobras" de vacinas destinadas aos grupos prioritários definidos pelas autoridades de saúde.

"A demissão de Carlos Castro é o mínimo que este executivo deveria exigir ao seu vereador", afirmou o PSD/Lisboa, num comunicado apresentado como "as 'sobras' de dignidade da Câmara Municipal de Lisboa".

Além de condenar o "comportamento desprestigiante" do vereador Carlos Castro, os sociais-democratas estenderam as críticas à decisão de vacinar a diretora municipal de Higiene Urbana e o comandante da Polícia Municipal, sustentando que estes profissionais "não se encontram nas linhas da frente".

"Esta não é uma questão de critérios, mas sim de um vereador ser conivente e beneficiário de uma decisão errada e irresponsável. [...] É apenas mais um exemplo do mau planeamento desta Câmara Municipal, cujas prioridades se encontram evidentemente baralhadas", apontou o PSD.

No sábado, o partido avançou com a ideia de constituir um grupo de trabalho na Assembleia Municipal de Lisboa para acompanhamento do processo de vacinação na capital.

"O PSD/Lisboa acredita que o escrutínio democrático é essencial para a ação governativa eficaz e justa. Por isso, e pelos problemas levantados pelo país fora e em Lisboa na última semana, queremos uma comissão que permita o escrutínio deste processo na Assembleia Municipal de Lisboa", expôs.

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