Confrontos no Irão

Filha de ex-Presidente do Irão enfrenta cinco anos de prisão

Faezeh Rafsandjani foi presa em setembro por ter incitado a população aos protestos.

A filha do ex-Presidente iraniano
Vahid Salemi - AP

SIC Notícias

Lusa

A filha do ex-Presidente iraniano Akbar Hachemi Rafsandjani, moderado que defendia a melhoria de relações com o ocidente, foi terá de enfrentar uma pena de cinco anos na prisão, decisão de que irá apresentar recurso.

Ex-deputada e militante dos direitos humanos, Faezeh Hachemi Rafsandjani foi detida a 27 de setembro e enviada para a prisão de Evine por ter incitado a população aos protestos no decurso do movimento de contestação desencadeado no país.

"A minha cliente foi condenada a cinco anos de prisão pelo tribunal de primeira instância" indicou esta segunda-feira o advogado Neda Shams, citado pela agência noticiosa AFP.

Má reputação com a polícia iraniana

Faezeh Hachemi, de 60 anos, já tinha sido condenada anteriormente e por diversas ocasiões.

No final de 2012, foi detida e condenada a seis meses de prisão por "propaganda" contra a República islâmica. A justiça acusou Hachemi de "conluio contra a segurança do país, propaganda contra o sistema da República islâmica e perturbação da ordem ao participar em concentrações ilegais", precisou a advogada. "A decisão, que não é definitiva, foi-me comunicada na quarta-feira, e vamos contestá-la no prazo legal", acrescentou Shams.

Em outubro, o porta-voz do poder judicial, Massoud Setayechi, anunciou que a ativista tinha já sido condenada "a 15 meses de prisão e a dois anos de pena suplementar, incluindo a proibição de atividades na internet".

Protestos no Irão

O Irão enfrenta uma vaga de protestos desde a morte em 16 de setembro de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, após a sua detenção pela polícia da moralidade por uso incorreto do véu islâmico em público.

Em paralelo a este caso, o advogado de dois jornalistas iranianos, detidos por terem divulgado publicamente a morte em detenção da jovem Masha Amini foi libertado após mais de três semanas na prisão, anunciou um 'media' local.

"Mohammad Ali Kamfirouzi foi libertado sob caução da prisão de Fashafouyeh", a sul de Teerão, indicou o diário reformador Shargh.

Detido a 14 de dezembro, segundo os 'media' locais, Kamfirouzi é advogado de Elaheh Mohammadi, 35 anos, jornalista do diário Ham Mihan, e de Niloufar Hamedi, 30 anos, fotógrafo do jornal Shargh, detidos desde setembro. A autoridade judicial indiciou-os em novembro por "propaganda contra o sistema" e "conspiração contra a segurança nacional", por terem divulgado repetidamente o caso Masha Amini.

Segundo o Ham Mihan, 25 advogados iranianos foram "detidos por todo o país" desde o início das manifestações. As autoridades iranianas qualificam geralmente os protestos de "tumultos" fomentados por "países e organizações hostis ao Irão".

Teerão também insiste que centenas de pessoas, incluindo membros das forças de segurança, foram mortas durante os protestos, e milhares de manifestantes detidos. Quatro homens já foram enforcados em sentenças relacionadas com estes protestos, acusados pela morte de agentes dos serviços de segurança.

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