Julho vai chegar ao fim como o mês mais quente desde que existem registos, após três semanas de ondas de calor extremo já não restam dúvidas. António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) faz um apelo dramático aos líderes mundiais para travarem o aquecimento global.
Nunca houve um mês assim desde que se começaram a registar as temperaturas do planeta. A última vez que o mundo esteve tão quente, acreditam os cientistas, foi há cerca de 120.000 anos, quando o nível do mar estava cerca de oito metros mais alto. Para isso, analisam o ar preso no gelo polar ou sedimentos no oceano profundo e ainda aguardam sinais de como o clima era na época.
E nem é preciso chegar ao fim de julho para concluir que é o mais quente de sempre, as medições feitas nas primeiras três semanas chegaram e sobraram.
“Esta anomalia é tão grande em relação a outros meses que bateram recordes no nosso registo que temos praticamente a certeza de que o mês - o mês como um todo - se tornará o julho mais quente de que há registo, o mês mais quente de que há registo”, afirma Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copernicus.
O alerta de Guterres
À medida que o planeta aquece sobram os avisos feitos vezes e vezes sem conta. Desta vez repetidos quando em muitas cidades o novo normal parece incluir termómetros a medirem temperaturas acima dos 40 graus.
"A era do aquecimento global terminou; a era da ebulição global chegou (…) Os líderes têm de liderar. Acabaram-se as hesitações. Acabaram-se as desculpas. Chega de esperar que os outros avancem primeiro. Simplesmente não há mais tempo para isso", alertou António Guterres.
Calor fez milhares de vítimas em 2022
Só no ano que vem, saberemos quantas vítimas fez o calor. Em 2022 foram 61 mil, apenas na Europa, mas as temperaturas que já foram altas não chegaram ao nível deste ano.
Na semana passada, a temperatura média global excedeu durante algum tempo o limite proposto em 2015 no Acordo Climático de Paris: 1,5ºC acima do nível pré-industrial. Os cientistas acreditam que nos próximos anos isso há de acontecer várias vezes.