Jéssica Silva saiu do Benfica e rumou além fronteiras para ir jogar no Gotham, uma das melhores equipas do campeonato feminino de futebol dos EUA.
Vive em New Jersey e está a gostar bastante, apesar de já não ter a vida que tinha em Portugal, onde podia partilhar um sofá com amigos e com a família. Garante que, mesmo assim, não se sente sozinha.
“Mesmo que esteja sozinha tenho sempre algo a acompanhar-me: seja a música, sejam os meus passeios ou o meu skate”.
Está em Nova Iorque, a cidade que não dorme, onde há muito para fazer, por exemplo, ir a concertos ou ao teatro, que, confessa, lhe dão vida. Mas o que mais gosta da cidade são as pessoas.
Os muitos restaurantes portugueses na cidade ajudam a matar saudades da comida de casa. Quando foi para os EUA tinha como desafio começar a cozinhar mais, mas com um chef sempre disponível acabou por não cumprir o objetivo.
Já comeu bacalhau e provou alguns doces, era bom mas diz que não é a mesma coisa. Quando vai a um restaurante português o que gosta mesmo é de comer um chouriço assado.
“Em todos os países ou cidades que vivo compro sempre uma guitarra”
A música é algo bastante presente na vida de Jéssica. Admite que não é nenhuma expert, mas gosta de dar uns toques e, tal como costuma fazer por onde passa, já comprou uma guitarra nos EUA.
No Além Fronteiras arriscou não só a tocar, mas também a cantar.
Eu sou fã do Rúben Amorim (agora já posso dizer publicamente)
Jéssica Silva saiu do Benfica, Rúben Amorim deixou o Sporting. Os dois foram à procura de novas realidades. A jogadora do Gotham admite que se identifica com Rúben Amorim pela forma de estar na vida e no desporto.
“Vou ficar a torcer pelo sucesso dele (Rúben Amorim) e do Manchester”.
No futebol dos EUA encontrou serenidade e destaca a preocupação constante com a saúde mental das jogadoras não só em campo mas também fora dele. Explica que, por lá, se preocupam com o bem estar físico e emocional dos atletas.
Foi o que sentiu quando teve que ser operada de urgência. O clube entrou de imediato em contacto com a família e a irmã esteve sempre ao seu lado. Na altura foi difícil, mas diz que agora está bem de saúde. “Apanhei um grande susto”.
“O futebol feminino tem o grande poder de marcar a diferença”
Jéssica encontrou mais pontos positivos no futebol dos EUA. Conta que as equipas estão muitas vezes ligadas a causas sociais o que lhe permitiu “ser mais livre e ter uma voz mais ativa, sem qualquer tipo de constrangimento”.
A ex-jogadora do Benfica admite: “foi uma das barreiras que tive enquanto jogadora em Portugal. Toda a gente sabe que sou uma jogadora que gosta de falar sobre alguns temas que são importantes”.
Não tem dúvida que o futebol feminino tem o grande poder de marcar a diferença na forma de encarar algumas temáticas que ainda são tabu no futebol masculino, como a homossexualidade ou o racismo.
Em campo e no Gotham, encontrou um campeonato “muito físico” e está sempre a ser desafiada para “ser mais e melhor”. Pensava que nunca mais ia bater a sua velocidade máxima e voltou a bater os recordes individuais.
“Fui muito feliz no Benfica independentemente de todo o alarido causado neste último ano”
De Portugal, continua a receber mensagens de carinho dos adeptos do Benfica, mas também recebeu recados a dizer que se meteu à frente do clube e que foi mandada embora por causa da “chatice” com a treinadora.
Jéssica Silva garante que foi muito feliz no Benfica, independentemente de todo o alarido causado neste último ano.
“Isto é o futebol. O importante é nós podermos nós próprios”
Depois de ter sido dispensada da última convocatória para representar a Seleção Nacional, devido a lesão, Jéssica Silva reentrou nas escolhas de Francisco Neto.
Portugal defronta a República Checa no play-off decisivo para a fase final do Campeonato da Europa de 2025 com o jogo da primeira mão a realizar-se no dia 29 de novembro, às 19:45, pela primeira vez, no Estádio do Dragão, no Porto. O segundo jogo, terá lugar em Teplice, a 3 de dezembro.