Só em junho, os portugueses pediram mais de 700 milhões de euros em crédito ao consumo, o que representa um aumento de 13,4% em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados do Banco de Portugal.
Foram emprestados 726 milhões de euros pelos bancos para finalidades como compra de carros, obras, férias e outras despesas. Quase metade deste montante destinou-se à aquisição de automóveis, novos e usados, totalizando 294 milhões de euros. Embora este valor represente uma descida face ao mês anterior, traduz um crescimento de 10,4% em relação a 2024.
A maioria dos automóveis comprados a crédito eram usados, com o montante contratado a atingir os 215 milhões de euros, através de 14.313 contratos. Em média, os portugueses endividaram-se em cerca de 15 mil euros por cada viatura usada.
As compras com cartões de crédito e através de linhas de crédito aumentaram 7,3%, totalizando cerca de 113 milhões de euros. Segundo o Banco de Portugal, os cartões de crédito continuam a destacar-se pelas taxas de juro mais elevadas do mercado, que se mantiveram acima dos 19% no segundo trimestre do ano. Por isso, continuam a ser vistos como um verdadeiro "aspirador de dinheiro".
Entre as razões que justificam o aumento dos pedidos de crédito ao consumo estão a melhoria da situação financeira de muitas famílias, com maior rendimento disponível, e a descida das prestações do crédito à habitação, que transmite uma aparente sensação de segurança para recorrer ao crédito.
No entanto, os especialistas alertam para a necessidade de cautela. Apesar da confiança atual, a inflação está a subir e a instabilidade económica e internacional deverá manter-se. Um crédito pessoal pode parecer inofensivo hoje, mas tornar-se num problema grave amanhã.