As novas tarifas de Donald Trump entraram esta quinta-feira em vigor. A União Europeia (UE) tem taxas de 15%, mas há exceções previstas no acordo firmado entre os EUA e a UE. Não estão abrangidos alguns produtos químicos e farmacêuticos e também peças de avião e componentes aeronáuticos, matérias primas consideradas críticas. O aço e o alumínio estão sujeitos a taxas de 50%. Europa e EUA pretendem reduzir a dependência da China.
Manuel Serrano, analista de Assuntos Europeus e Política Internacional, começa por analisar o eventual impacto destas novas tarifas dos EUA.
"O impacto em Portugal será nos setores clássicos, têxtil, calçado, tudo isto, mas também o efeito da procura interna dentro da UE. Isto pode ser muito relevante, que é o efeito que terá entre uns Estados-membros e outros. Agora, é muito importante pensar que isto não acabou. Nós sabemos que isto foi negociado, que há um princípio de acordo, mas sabemos como é que isto funciona com Donald Trump.
Também sabemos que há vozes dissonantes dentro da UE, muitas delas até que, num princípio, como Merz [chanceler alemão], como Macron [Presidente francês], teriam pedido mais, digamos, força do lado europeu, sobretudo Macron tinha pedido, a ativação do mecanismo anti-coerção para evitar um "bullying" comercial, porque há muitas pessoas que acreditam que nós não evitamos uma guerra comercial e que cedemos, em toda a linha, a uma guerra comercial e que a perdemos de entrada. Há muitas pessoas que pensam isto", explica Manuel Serrano.
As principais bolsas europeias abriram com ganhos moderados, apesar da entrada em vigor das novas tarifas de Trump. A bolsa de Lisboa contrariou essa tendência, abriu em queda numa reação no vermelho às novas tarifas dos EUA, mas às 9:10 já negociava em alta, com as ações da Mota-Engil a subirem 3,80% para 5,16 euros.
O novo plano tarifário dos EUA levará, segundo alguns especialistas, a uma inflação mais elevada nos EUA e a um período prolongado de enfraquecimento económico noutras regiões, incluindo a Europa.
No entender de Manuel Serrano, "é importante ter em conta que os impactos dependerão, obviamente, do que acontecerá a toda a UE".