Liderou a TAP durante 17 anos. Estava lá quando a empresa passou a privada, em 2015, e quando se deu a compra dos 53 aviões à Airbus. Um negócio que, segundo a Inspeção-Geral de Finanças, terá prejudicado a transportadora, levando à conclusão de que David Neeleman comprou a TAP com o dinheiro da própria TAP.
Agora que a empresa está novamente nas mãos do Estado e a ver de fora, Fernando Pinto continua a defender a privatização, mas com cautelas.
"Acredito na empresa privatizada e acho que ela deve ser. Tem de ser com um bom parceiro e uma ótima negociação. Quem são os parceiros, isso eu não sei. Aeroportos também têm de ser privados, não faz sentido estarem com o governo, mas têm de ser muito bem controlados. Tem de haver um sistema de acompanhamento muito forte do governo", disse.
Fernando Pinto era também presidente da TAP quando a transportadora comprou a empresa de manutenção no Brasil, um negócio que já gerou perdas superiores a 900 milhões de euros. Como já tinha feito antes, continua a defender a compra.
"Nós aqui não tínhamos condições de crescer, em Lisboa, por causa das limitações do aeroporto. Então, aquilo era uma oportunidade. Devo dizer que muitas pessoas com quem conversámos, incluindo a Parpública, eram as maiores entusiastas. Eu ouvi palavras como 'a TAP não dá lucro, mas a manutenção dá'", defendeu.
Diz que, naquela altura, aquele era "o melhor negócio do mundo" e explica que, quando começou a dar problemas, não se desfez mais cedo da operação no Brasil para evitar que a TAP ficasse com aviões retidos.
"Se me perguntar: faria de novo? Não, eu tentaria fazer de outra forma para não ter estes custos e estes problemas. Mas ninguém consegue adivinhar o futuro"
Ontem, também ouvido no Parlamento sobre a TAP, Lacerda Machado, ex-administrador da empresa, defendeu que, apesar das perdas, a compra da empresa no Brasil foi "o melhor negócio dos últimos 50 anos".