A economia portuguesa vai crescer 2,7% este ano e 2,4% em 2024, prevê o Banco de Portugal (BdP), que reviu esta sexta-feira em altas das projeções para o PIB, salientando o desempenho acima do esperado no primeiro trimestre.
No "Boletim Económico" de junho, apresentado hoje, em Lisboa, pelo governador do supervisor bancário, Mário Centeno, as projeções para o crescimento da atividade foram melhoradas face aos 1,8% para este ano e 2% para 2024 e 2025 esperados em março.
"A economia portuguesa deverá crescer 2,7% em 2023, 2,4% em 2024 e 2,3% em 2025", pode ler-se no relatório.
O regulador está, assim, mais otimista do que o Governo, que prevê um crescimento de 1,8% este ano e de 2% em 2024.
O BdP melhora também a previsão da taxa de inflação deste ano para 5,2%, devido à diminuição das pressões inflacionistas externas e ao impacto da redução temporária do IVA.
O regulador destaca que a inflação se encontra numa trajetória de redução desde o final de 2022.
"Projeta-se uma redução da taxa de inflação de 5,2% este ano para 3,3% em 2024 e 2,1% em 2025, valor já próximo do objetivo de política monetária", assinala.
BdP mais otimista do que Governo
Pela primeira vez, a instituição liderada por Mário Centeno divulgou também previsões para o saldo orçamental, que acredita se situará próximo do equilíbrio até 2025. Após um défice de 0,4% do PIB em 2022, o BdP prevê uma redução para 0,1% em 2023 e excedentes de 0,2% nos anos seguintes.
A previsão da instituição liderada pelo ex-ministro das Finanças -- que pela primeira vez em democracia alcançou um excedente orçamental - revela-se mais otimista do que a do Governo, que considera para 2023 a manutenção do défice no valor de 2022 e uma ligeira melhoria para um défice de 0,2% e 0,1% em 2024 e 2025.
O BdP prevê ainda que o saldo primário deverá situar-se em 2,5% no horizonte de projeção, ainda abaixo do 3,1% registado antes da crise pandémica.
"De acordo com as projeções da Comissão Europeia, apenas Portugal, Chipre e Irlanda deverão registar em 2024 saldos orçamentais em torno do equilíbrio", destaca.
Contudo, o supervisor assinala que, apesar do saldo primário estrutural melhorar ao longo do horizonte de projeção, fica aquém do valor pré-pandemia.
"Apesar do saldo orçamental de 2025 ser próximo do de 2019, a composição é diferente. Em 2025, o saldo beneficia de uma componente cíclica mais positiva, de um rácio de despesas em juros inferior e da ausência das medidas temporárias que deterioravam o saldo em 2019", refere, salientando que é inferior em 1,1 pontos percentuais (pp.) do PIB potencial ao de 2019.
"Para assegurar o necessário ajustamento das contas públicas é importante garantir o retorno a um saldo estrutural próximo do equilíbrio o mais rapidamente possível", acrescenta.
O BdP espera uma diminuição do rácio da dívida pública de 113,9% em 2022 para 103,4 em 2023, reduzindo-se para 97,1% em 2024 e para 92,5% em 2025.