O Banco Central Europeu (BCE) deverá anunciar, esta quinta-feira, o valor de subida dos juros. A previsão é que a subida seja de 0,5 pontos percentuais, atingindo os 3,5%. Mesmo apesar da instabilidade do setor financeiro, José Gomes Ferreira considera que o valor da subida deverá manter-se.
“Não acredito que haja uma redução do aumento que estava previsto”, diz o jornalista em entrevista à SIC Notícias. “Se uma instituição com o BCE de repente mudar o ritmo do que estava a fazer, pode dar um sinal de que há desorientação lá dentro.”
O jornalista sublinha que este aumento de 0,5 pontos percentuais “é bastante e vai ter ainda mais impacto negativo” nos cidadãos e empresas que tenham créditos por pagar. José Gomes Ferreira admite que, na próxima revisão da política monetária, o valor de subida dos juros possa ser “mais suave”.
BCE “já reagiu demasiado tarde”
José Gomes Ferreira deixa críticas à gestão que o BCE da subida da inflação. Afirma que o organismo “andou sempre a reboque dos acontecimentos” e que isso fez com que perdesse credibilidade.
“Reagiram demasiado tarde. O BCE andou sempre a reboque dos acontecimentos, com a senhora [Christine] Lagarde a dizer que a inflação não existia; depois dizia que era temporária; depois já teve de reconhecer que era mais profunda, mas que não ia aumentar os juros; depois teve de aumentar… Foi tudo o que não devia ter acontecido. Agora estão a tentar recuperar alguma credibilidade.”
A subida dos juros torna o dinheiro “mais caro”. Perante este cenário, os bancos que realizam investimentos de risco – como o caso do Credit Suisse, entre outros – podem entrar em dificuldades. José Gomes Ferreira considera que o apoio do Banco Central da Suíça “é uma maneira de disfarçar o problema”, que “continua lá”.
“Eu estou convencido que o que se está a passar no sistema financeiro vai ser traduzido, inevitavelmente, em mais bancos a entrar em dificuldades sérias. E as autoridades, enquanto podem acorrer a um, dois ou três casos, ainda vão tendo algum sucessos. Mas chegará o momento em que não haverá grande hipótese de acorrer a todos”, alerta o jornalista.