Economia

Saúde e Educação estão a mostrar ao Governo que “é preciso voltar ao diálogo”

Adesão à greve na administração pública superior a 80% nos hospitais e escolas, segundo sindicato.

O Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN) acusa o Governo de ter dois pesos e duas medidas na negociação com os patrões e os trabalhadores. Os setores da Saúde e da Educação são os mais afetados pela greve, com uma adesão superior a 80%, com escolas encerradas e hospitais em serviços mínimos.

Em declarações à SIC Orlando Gonçalves disse que a greve de hoje está a mostrar o descontentamento em vários setores, nomeadamente na Saúde e na Educação.

O Governo “tem de rever a tabela remuneratória única e os aumentos salariais“, diz Orlando Gonçalves, do STFPSN, acrescentando que “para deixar de haver greves na administração pública em geral é preciso que o Governo volte ao diálogo”.

Adesão à greve na administração pública superior a 80% nos hospitais e escolas

Os setores da Saúde e da Educação são os mais afetados pela greve de hoje dos trabalhadores da administração pública, que registava às 09:00 uma adesão superior a 80%, com escolas encerradas e hospitais em serviços mínimos, segundo fonte sindical.

“Estes 80 a 90% de adesão naqueles dois setores referem-se aos trabalhadores das carreiras gerais, os assistentes operacionais, assistentes técnicos e técnicos superiores. Os médicos e os enfermeiros não emitiram nenhum pré-aviso de greve”, disse à Lusa Orlando Gonçalves.

A greve foi convocada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública para contestar a atualização salarial de 0,9% para este ano, estando marcada uma manifestação nacional para hoje à tarde em Lisboa.

“No setor da saúde e nas escolas a adesão à greve está acima dos 80%, depois temos as finanças, justiça e Segurança Social que será inferior pois são grupos profissionais mais corporativistas e que nunca tem uma adesão tão grande quando falamos de greves gerais, disse o sindicalista.

Orlando Gonçalves adiantou que no Hospital de S. João no Porto a adesão é superior a 90%.

“Nas consultas externas em 12 balcão de atendimento não está ninguém ao serviço. Estão todos encerrados. Temos um diretor de serviços a tirar senhas para ajudar os doentes, blocos operatórios a 100% as enfermarias com adesão entre 85 a 90% . Tudo em mínimos, é uma adesão forte, exceto na recolha de sangue, que está a funcionar mais ou menos dentro da normalidade”, contou.

Segundo o sindicalista, este cenário é mais ou menos o mesmo em quase todos os hospitais do país.

“Tive conhecimento de que o INEM tem vários meios inoperacionais por adesão à greve e que os trabalhadores estarão a ser ameaçados com processos disciplinares por não estarem a ser cumpridos serviços mínimos. De facto, existe um acordo coletivo de serviços mínimos até bastante alargados por ser o serviço que é, mas são os serviços que têm de designar os trabalhadores que têm de cumprir esses serviços mínimos. O INEM não designa, já na greve anterior também não designou e depois acham que a culpa é dos trabalhadores por aderirem à greve. (…) Têm de cumprir os procedimentos legais e só depois podem exigir”, disse.

No que diz respeito às escolas, Orlando Gonçalves diz que ainda não consegue avançar com números exatos, mas existem muitas encerradas por todo o país.

Orlando Gonçalves remeteu para mais tarde dados mais concretos da paralisação.

A greve de 24 horas na Função Pública deverá afetar escolas, hospitais, centros de saúde, os atendimentos na segurança social e nas finanças e os serviços de recolha do lixo.

Os trabalhadores exigem aumentos salariais, para além dos 0,9 por cento estipulados em novembro, ainda pelo anterior Governo.

A manifestação foi anunciada em 26 de abril, numa cimeira de sindicatos da Frente Comum, afeta à CGTP, em resposta ao resultado da reunião com o Governo, que manteve uma atualização salarial de 0,9% para este ano, apesar do agravamento da inflação.

Além do aumento geral dos salários em 90 euros, a Frente Comum reivindica a correção da Tabela Remuneratória Única, o descongelamento efetivo das promoções e das progressões nas posições remuneratórias e a revisão do sistema de avaliação.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, quando apresentou a proposta de OE2022 aos jornalistas, afastou a possibilidade de aumentos salariais intercalares dos funcionários públicos em 2022, para fazer face à escalada dos preços, defendendo que essa decisão poderia agravar a inflação.

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