Economia

Economia portuguesa acelera em novembro face a 2020

Indicador do Banco de Portugal aponta que expansão da atividade económica em novembro está a ganhar força face ao mesmo período de 2020, que, recorde-se, ficou marcado pela imposição de restrições adicionais para combater a pandemia de Covid-19.

Sónia M. Lourenço

A economia portuguesa está a ganhar força em novembro face ao ano passado e nada indica que esteja a ser penalizada pelo chumbo do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) e pela instabilidade política associada à dissolução da Assembleia da República e à realização de eleições legislativas antecipadas. É esse o sinal dado pelo indicador diário de atividade económica (DEI), publicado pelo Banco de Portugal (BdP), cujos dados foram atualizados esta quinta-feira. Mas, atenção, a comparação é feita com um período de 2020 em que o Governo avançou com restrições adicionais à mobilidade e em certos sectores, penalizando a atividade económica.

Segundo a nota do BdP, publicada na sua página na internet, na segunda semana de novembro, o DEI - um indicador compósito que procura traçar, quase em tempo real, um retrato da evolução da atividade económica no país - "aponta para uma taxa de variação da atividade superior à observada na semana anterior".

Os números relativos a essa semana publicados pelo banco central - que abrange o período entre 8 de novembro e 14 de novembro -, indicam um crescimento homólogo da atividade económica em Portugal de 3%. Um valor que compara com 1,3% na primeira semana de novembro e com 1,1% na última semana de outubro, precisamente a semana em que foi chumbada no parlamento a proposta do OE2022.

Há, contudo, um efeito de base a ter em conta. É que a 4 de novembro do ano passado, face a novo agravamento da pandemia de Covid-19 em Portugal, entraram em vigor um conjunto de medidas restritivas da mobilidade e de certas atividades económicas nos concelhos com maior risco pandémico. Logo nessa data foram 121 concelhos abrangidos, representando a residência de 70% da população do país.

Em causa estiveram medidas como o dever cívico de recolhimento domiciliário, a obrigatoriedade de desfasamento de horários de trabalho e de teletrabalho nas funções compatíveis com este regime de trabalho. Além disso, todos os estabelecimentos comerciais (salvo algumas exceções, como farmácias, consultórios e clínicas, funerárias, postos de abastecimento e aluguer de automóveis) passaram a fechar até às 22h00 e os restaurantes não podiam ter mesas com mais de seis pessoas, tendo de encerrar às 22h30. Foram ainda restringidos os eventos e celebrações e proibidas as feiras. Medidas que, naturalmente, tiveram um impacto negativo sobre a atividade económica, levando a uma deterioração do DEI.

Quanto à taxa bienal do DEI, que indica o crescimento acumulado neste indicador nos últimos dois anos, ou seja, entre 2019 e 2021, ficou em terreno negativo na semana terminada a 14 de novembro (-4,7%). Isto significa que a economia portuguesa terá operado nessa semana abaixo do mesmo período de 2019, ou seja, do patamar pré-crise. Mais ainda, este valor agravou-se face à semana anterior, quando esta taxa ficou nos -3,1%.

O DEI sumaria um conjunto de informação de natureza quantitativa e frequência diária, como o tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, o consumo de eletricidade e de gás natural, a carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e as compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes. Por isso, permite traçar, quase em tempo real, um quadro da evolução da atividade económica no país.

Crescimento estabiliza e consumo abranda em outubro

O BdP publicou ainda esta quinta-feira os indicadores coincidentes mensais para a atividade económica e para o consumo privado relativos a outubro. "Em outubro, o indicador coincidente mensal para a atividade económica manteve uma taxa relativamente estável. O indicador coincidente para o consumo privado apresentou uma taxa mais baixa do que a observada no mês anterior", escreve o banco central numa nota publicada na sua página da internet.

Depois de largos meses de aceleração, o indicador coincidente mensal para a atividade económica - que procura captar a tendência de evolução do Produto Interno Bruto - estabilizou a partir de setembro e em outubro indica um crescimento homólogo de 3,8%.

Quanto ao consumo privado, depois de também ter acelerado durante largos meses, o respetivo indicador coincidente mensal estabilizou em setembro nos 6,8% de crescimento homólogo, e abrandou em outubro, mês em que indica um incremento homólogo de 6,5%.

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