A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e um grupo de 30 personalidades, ligadas à energia, estão contra ou desconfiam muito da Estratégia Nacional para o Hidrogénio.
O projeto do Governo pretende que sejam investidos, até 2030, cerca de 7 mil milhões de euros no desenvolvimento e produção de hidrogénio verde, em grande escala.
Entre os destinatários, estariam siderurgias e grandes consumidores de eletricidade.
Os críticos do projecto dizem que, se for adiante, o Estado vai voltar a subsidiar estruturas de produção de energia eléctricapara um projeto que ainda não tem tecnologia suficientemente desenvolvida para se saber se é rentável.
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Propostas de investimento na fileira do hidrogénio atingem 16 mil milhões de euros
O Governo recebeu 74 intenções de investimento na fileira industrial do hidrogénio no montante de 16 mil milhões de euros, o equivalente a 7,5% do PIB português, anunciou este domingo o Ministério do Ambiente e da Ação Climática.
"Foram recebidas, no processo de consulta ao mercado terminada na sexta-feira, 17 de julho, 74 manifestações de interesse relacionados com projetos de investimento na fileira industrial do hidrogénio", refere o gabinete do ministro João Pedro Matos Fernandes.
Segundo o comunicado, estes dados, provisórios, dizem respeito a projetos de empresas portuguesas e europeias, abrangendo toda a cadeia de valor, com participações dos setores público e privado, e mobilizando grandes empresas, PME (Pequenas e Médias Empresas), agentes de inovação e de investigação.
"Os projetos abrangem também diferentes áreas estratégicas, desde a produção de hidrogénio verde aos transportes", indica.
Empresas e as entidades que responderam ao convite não foram reveladas
Contactada pela agência Lusa, fonte do gabinete do ministro do Ambiente e da Ação Climática escusou dar mais pormenores sobre as manifestações de interesse recebidas, referindo que há reserva em relação às propostas.
Em declarações ao jornal Público, Matos Fernandes escusou-se também a identificar as empresas e as entidades que compareceram a este convite internacional, mas acedeu a caracterizar a diversidade de propostas e a dimensão dos projetos, em termos de valores de investimento.
A proposta com o menor valor de investimento é de 1,3 milhões de euros e a mais elevada é de 2,4 mil milhões de euros, segundo avançou o ministro ao jornal.
A proposta de maior valor de investimento foi apresentada por um consórcio da área química para a zona industrial de Estarreja, acrescentou.
Projeto para reconversão e reutilização de material de transporte
O ministro do Ambiente sinalizou ainda a entrada de um grande projeto na área dos transportes liderado por uma entidade pública, "para a reconversão e reutilização de material de transporte movido a hidrogénio", no valor de 275 milhões de euros.
O Público apurou tratar-se de um projeto apresentado pela CP em conjunto com a Salvador Caetano, e que envolve outras entidades do setor científico, como a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
O projeto ainda vai ter de ser estudado em termos de viabilidade económica, numa altura em que estão em curso, e com financiamento garantido, investimentos para a eletrificação de praticamente toda a rede ferroviária nacional.