"A redução do horário de trabalho tem sido reivindicada ao nível da contratação coletiva, mas, tendo em conta a conjuntura, tem sido dada prioridade ao aumento dos salários e à melhoria da segurança no trabalho. Consideramos, no entanto, que está na altura de tornar prioritária a reivindicação das 35 horas de trabalho para todos", disse Arménio Carlos à agência Lusa.
O sindicalista afirmou que, após o período das férias de verão, no final de agosto ou princípio de setembro, os órgãos dirigentes da Intersindical aprovarão o caderno reivindicativo para o próximo ano, com a respetiva política de rendimentos, e deverão definir como prioritária a reivindicação do horário de trabalho semanal de 35 horas para todos os trabalhadores e setores de atividade.
"Se não conseguirmos que isso seja feito por alteração legislativa, teremos de lutar para o conseguir caso a caso nas empresas e setores de atividade", disse.
Segundo Arménio Carlos, as 35 horas de trabalho semanal já são praticadas em muitos setores e empresas, abrangendo mais de 100 mil trabalhadores.
"Nos últimos 42 anos a contratação coletiva tem sido muito dinâmica, conseguindo horários abaixo do que a lei estipula (atualmente 40 horas)", disse.
Referiu como exemplo as cimenteira Cecil e Cimpor, que praticam 39 horas na fabricação e 37 na área administrativa, a vidreira Sekurite/Saint-Gobain, com 35 horas, e as pousadas Pestana, com 39 horas na época alta e 37 na baixa.
As indústrias metalúrgica e a elétrica, os transportes e o setor financeiro foram outros exemplos do setor privado salientados pelo sindicalista como praticantes de horários entre as 35 e as 39 horas de trabalho semanal.
Hoje vai ser discutida e votada na especialidade no parlamento a proposta legislativa para repor as 35 horas de trabalho semanal na administração pública no dia 01 de julho.
O horário de trabalho na Função Pública aumentou de 35 horas para 40 horas semanais em setembro de 2013, sem o correspondente aumento de salário, o que tem suscitado a contestação dos trabalhadores e dos seus sindicatos, que continuam a condenar a possibilidade de as 40 horas continuarem a ser praticadas nalguns setores, nomeadamente na saúde.
A reposição do horário das 35 horas corresponde a uma das promessas do atual Governo, sendo que o ministro das Finanças tem reiterado que a medida não pode implicar aumento de custos para o Estado.