Economia

Banco de Portugal receia efeito que nova queda do preço dos imóveis pode ter nos bancos 

O Banco de Portugal teme o impacto nos resultados  e na solidez dos bancos de uma nova descida do preço das casas, dado o nível  elevado de ativos imobiliários que estes detêm. 

"Embora exista evidência da ausência de uma 'bolha' nos preços do imobiliário  em Portugal, e de que os preços da habitação já se terão reduzido cerca  de 10% desde o início do programa de ajustamento, não se pode excluir o  risco de correções adicionais dos preços", lê-se no Relatório de Estabilidade  Financeira, hoje divulgado pelo Banco de Portugal. 

O supervisor e regulador financeiro considera que uma descida desses  preços, mesmo que pouco significativa, poderia ter "efeitos negativos para  a rendibilidade e solvabilidade das instituições bancárias" devido à exposição  dos bancos aos ativos imobiliários, seja diretamente seja pelo facto de  deterem unidades de participação em fundos de investimento do setor imobiliário.

O Banco de Portugal disse que é precisamente para precaver esse possível  efeito que tem exigido aos bancos uma "avaliação prudente", para evitar  sobrevalorizações desses ativos.  

Nos últimos anos, o Banco de Portugal tem vindo a fazer várias inspeções  às carteiras de crédito dos oito maiores bancos a operar em Portugal: Caixa  Geral de Depósitos, BCP, BES, BPI, Santander Totta, Montepio, Banif e Crédito  Agrícola. Os setores da construção e do imobiliário, onde se registam níveis  elevados de crédito malparado, têm recebido especial intenção do supervisor  liderado por Carlos Costa. 

Já este mês, a instituição está a terminar as inspeções que tem vindo  a fazer aos procedimentos e métodos usados pelos bancos na recuperação de  crédito, segundo os documentos da oitava e nona avaliação da 'troika'. 

O Relatório de Estabilidade Financeira, hoje divulgado, considera que  a evolução da economia portuguesa é o principal risco para a estabilidade  do sistema financeiro, assim como as medidas de consolidação orçamental  adotadas, pelo impacto que têm nos agentes económicos. E refere em específico  o risco de aumento do incumprimento de crédito, com impacto na rendibilidade  dos bancos (que tem estado em valores negativos) e na qualidade dos ativos  das instituições. 

 

Lusa

Últimas