Economia

CAP pede ao Governo linhas de crédito para fazer face aos prejuízos da seca

O presidente da Confederação de Agricultores  de Portugal (CAP) defendeu hoje em Torres Vedras a abertura de linhas de  crédito a juros bonificados às quais os agricultores possam recorrer de  imediato para fazer face aos prejuízos da seca. 

"O problema resolve-se com a disponibilização de verbas. Tem de haver  linhas de crédito com juros bonificados e outro tipo de mecanismos financeiros  para os agricultores lá irem buscar dinheiro amanhã e não em outubro", afirmou  João Machado. 

Para o dirigente, a antecipação dos pagamentos de fundos comunitários  do final do ano para outubro, pedida a Bruxelas pelo Governo, "não resolve  o problema". O presidente da CAP adiantou que "as culturas de outono/inverno", nomeadamente  200 mil hectares de cereais de sequeiro, e a produção de citrinos "estão  destruídas". 

Outro dos problemas é a alimentação dos animais, uma vez que, explicou,  "nesta altura os agricultores costumam estar a alimentar os animais nos  prados e já estão a gastar os stocks de rações que tinham para o verão".

Para João Machado, "não existem reservas de água para regar na primavera  e no verão e, se não chover, setores como a fruticultura, a horticultura,  a vinha e os pomares estão em causa". 

Outra das consequências é o eventual aumento dos produtos, nomeadamente  do leite, com o aumento dos custos de produção que, alertou, poderá agravar  as dificuldades financeiras dos produtores e "levar à falência". 

O dirigente relembrou que o problema da falta de cobertura de calamidades  nos seguros agrícolas se mantém, dois anos após uma comissão ter concluído  uma proposta de alteração do sistema de seguros. Esta solução seria, segundo  a CAP, a resolução para situações de calamidade numa altura em que falta  dinheiro ao Governo para ajudar os agricultores. Essa comissão "produziu um relatório e com esse relatório pode-se rever  o sistema de seguros, mas o Governo limitou-se a fazer uma revisão minimalista  que deixou de fora a seca e outras calamidades", explicou. 

João Machado afirmou que "não se trata de falta de vontade política",  mas sim um problema financeiro.  "Calculamos que a dívida do Estado às seguradoras seja na ordem dos  80 milhões de euros, logo criar um novo sistema de seguros custaria 80 milhões  de euros e o Estado não tem esse dinheiro", explicou. 

O presidente da CAP falava aos jornalistas à margem de uma sessão de  apresentação da nova Polícia Agrícola Comum para 2014 a cerca de uma centena  de agricultores da zona de Torres Vedras. 

 

     

 

Lusa

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