Desporto

Patrocinadores abandonam Oscar Pistorius após acusação de homicídio da namorada

Marcas e empresas que de uma forma ou de  outra patrocinam ou promovem o nome do atleta sul-africano Oscar Pistorius,  acusado hoje de ter morto a namorada, começaram já a distanciar-se do seu  nome e imagem.

"Eu sou a bala na  câmara" lê-se no anúncio da Nike com a imagem de Oscar Pistorius

Poucas horas depois de a polícia sul-africana ter anunciado que iria  acusar formalmente o duplo amputado Pistorius de homicídio, a norte-americana  Nike retirou do seu "website" um anúncio ao seu calçado e vestuário desportivo,  que usava a imagem do sul-africano em pista sob a frase "Eu sou a bala na  câmara", numa alusão à sua velocidade. 

Segundo testemunhos recolhidos pela comunicação social sul-africana  no complexo de luxo onde Oscar Pistorius reside, na parte oriental de Pretória,  vizinhos seus declararam ter escutado muito cedo pela manhã de hoje vários  gritos - que sugerem uma acesa discussão - vindos da residência do atleta,  seguidos de quatro tiros. 

Foram os vizinhos que chamaram os serviços de emergência médica e a  polícia na sequência desses acontecimentos, referem vários "websites" e  estações de televisão.  

Segundo uma fonte da polícia, uma mulher de 30 anos, identificada como  Reeva Steenkamp, foi encontrada, já sem vida, na residência e Pistorius.

Steenkamp, uma modelo profissional, era a namorada do mais famoso atleta  paralímpico da África do Sul, que conquistou quatro medalhas nos últimos  jogos paralímpicos e competiu nas Olimpíadas de Londres contra atletas sem  deficiência, depois de autorizado pelo Comité Olímpico Internacional. 

Em várias cidades sul-africanas, inúmeros cartazes publicitários da  estação de televisão MNET, nos quais aparecia a imagem de Oscar Pistorius  a propósito da cobertura especial que o canal faz dos Óscars com que Hollywood  premeia todos os anos os melhores filmes e protagonistas da 7ª Arte, foram  hoje removidos. 

Pistorius, que perdeu as duas pernas por alturas do joelho quando era  muito novo, em consequência de uma malformação congénita, e que é conhecido  também por "Bladerunner", pelas lâminas de fibra de carbono com que corre,  foi alvo em meses recentes de notícias que retratam uma faceta mais controversa  da sua personalidade, marcada pela violência. 

Há poucos meses foi acusado de ameaças físicas e verbais contra pelo  menos duas pessoas: Clinton van den Burgh, um dos diretores da empresa produtora  de televisão com a qual trabalhava a sua namorada (hoje morta na sua residência),  e Marc Batchelor, um ex-jogador de futebol que era amigo pessoal de Reeva  Steenkamp, o qual Pistorius acusava de manter com ela uma relação. 

O jornal "Star" recorda igualmente um outro episódio, ocorrido no ano  passado durante um concerto do grupo "Kings of Leon", no qual Oscar Pistorius,  na altura fortemente embriagado, teria insultado um grupo de jovens que  se sentaram perto de si. A dada altura, o atleta paralímpico ter-lhes-ia  chamado "cambada de lésbicas", segundo um depoimento enviado ao jornal pelas  jovens. 

 Numa entrevista concedida em Janeiro ao jornal "New York Times", Pistorius  admitiu gostar particularmente de armas de fogo. Em conversa com o jornalista  Michael Sokolove, Oscar Pistorius confessou que vai com alguma regularidade  a uma carreira de tiro praticar tiro ao alvo com uma arma de 9 milímetros  "quando tem insónias a meio da noite". 

Segundo a policia sul-africana, uma arma de 9 milímetros teria sido  usada no homicídio da namorada de Pistorius. Testes forenses e de balística  estão a ser feitos para determinar todas as circunstâncias que rodeiam a  tragédia de hoje. 

Denise Beukes, porta-voz dos Serviços de Polícia Sul-Africanos, confirmou  hoje em Pretória que Oscar Pistorius será sexta-feira acusado em tribunal  de homicídio e que a polícia se oporá à sua libertação com fiança. 

Lusa

Últimas