“Um momento triste, que é acompanhado por todos os portugueses.” É assim que o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, descreve o dia da morte de Eunice Muñoz.
Uma das maiores “particularidades” de Eunice é que “todos os portugueses desenvolveram uma relação íntima e próxima” e isso “distingue-a”.
Pedro Adão e Silva recorda o “talento natural, uma espécie de dom para a representação” de Eunice, mas também a “coragem que é decisiva para quem é atriz”.
Em entrevista à SIC Notícias, o ministro da Cultura revela que o Governo tem intenção de decretar luto nacional no dia do funeral de Eunice Muñoz como “forma de reconhecer aquilo que foi o seu papel”, decisão que será tomada em articulação com o Presidente da República e após uma conversa com a família.
“Eunice Muñoz foi aplaudida em vida, reconhecida em vida, e aquilo que nos compete fazer é, no fundo, continuar esse aplauso.”
A atriz Eunice Muñoz morreu esta sexta-feira, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos.
O destino de Eunice Muñoz começou a ser traçado assim que nasceu, a 30 de julho de 1928, na Amareleja, em Moura. As suas memórias privadas ficam eternizadas no documentário “Eunice ou Carta a Uma Jovem Atriz”, lançado em 2021.
Ao longo de 80 anos de carreira, foi distinguida com vários prémios. Em 2008, recebeu o Globo de Ouro de Mérito e Excelência. Ao lado da neta, Eunice Muñoz subiu ao palco pela última vez: a peça “A Margem do Tempo” estreou em abril de 2021, em Oeiras.
É considerada uma das melhores atrizes portuguesas de sempre. A paixão pela arte de pôr em cena outras vidas tornou-se realidade aos 13 anos, quando se estreou na peça “Vendaval”, no Teatro Nacional D. Maria II.
Eunice Muñoz disse, em entrevista para o programa da SIC Alta Definição, que partiria em paz. Durante a conversa com Daniel Oliveira, a atriz explicou ainda o que entende por sentido da vida.
“Primeiro que tudo viver é muito bom. Como sou católica e convicta, parto do princípio que vou estar em paz. Mas, de qualquer modo, fico com muitas saudades disto tudo que estou a viver. Saudades por antecipação. Estou a pensar no que vou sentir. Viver, de qualquer modo, é sempre muito bom.”
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