Kristen Stewart, este ano nomeada para um Óscar, foi a grande revelação do filme “Sala de Pânico”, de David Fincher — faz agora 20 anos.
Por estes dias perfazem-se 20 anos sobre o lançamento do filme “Sala de Pânico” (título original: “Panic Room”) — a estreia americana ocorreu no dia 29 de março de 2002, tendo chegado às salas portuguesas cerca de dois meses mais tarde, a 24 de maio. É um dos grandes “thrillers” da filmografia de David Fincher, narrando a experiência dramática de uma mãe divorciada que, com a sua filha diabética, se muda para um novo apartamento, em Nova Iorque — são assaltadas por três homens que procuram uma fortuna que terá ficado escondida naquela habitação…
“Sala de Pânico” distingue-se pela sofisticação da sua “mise en scène”, tirando especial partido dessa divisão que o título identifica, um espaço concebido, precisamente, para que os habitantes se protejam em situações de emergência. Em qualquer caso, passadas duas décadas, vale a pena recordar que o filme ficou também como revelação de um talento raro: Kristen Stewart, então com 11 anos de idade (nasceu em Los Angeles, a 9 de abril de 1990).
Escusado será dizer que o surpreendente fulgor de Kristen Stewart, interpretando uma criança tão frágil quanto enérgica, não é estranho ao facto de estar a contracenar com uma actriz tão talentosa como Jodie Foster, no papel da mãe [foto]. Para lá disso, podemos agora reconhecer que aí começou toda uma complexa trajectória de afirmação profissional que desembocou, em 2021, no filme “Spencer”, de Pablo Larraín — interpretando a Princesa Diana, papel que lhe valeu uma nomeação para o Óscar de melhor actriz, ela consegue aí uma eloquente demonstração de talento e maturidade artística.
Convenhamos que não foi uma evolução fácil. Desde logo porque, para o melhor e para o pior, Kristen Stewart começou por ser uma das estrelas juvenis da série “Twilight/Crepúsculo”, contracenando com Robert Pattinson. Depois porque as escolhas da sua carreira nem sempre foram as mais felizes — entre os títulos mais interessantes em que a vimos, lembremos os exemplos de “Pela Estrada Fora” (2012), de Walter Salles, “As Nuvens de Sils Maria” (2014), de Olivier Assayas, e “Café Society” (2016), de Woody Allen.
Ao contrário do que a sua “imagem de marca” juvenil poderia fazer supor, Kristen Stewart acabou por se distinguir como um actriz de subtis transfigurações, sendo “Spencer”, justamente, um exemplo modelar de tais qualidades. A sua agilidade de representação permitiu-lhe, a certa altura, protagonizar algo bem diferente, isto é, um teledisco dos Rolling Stones — ei-la em “Ride ‘Em On Down” (2016), sob a direcção de François Rousselet.