O escritor e investigador Vítor Aguiar e Silva é o vencedor do Prémio Camões 2020, anunciou esta terça-feira a ministra da Cultura, Graça Fonseca.
O júri justificou a escolha com "(...) a importância transversal da sua obra ensaística e o seu papel activo relativamente às questões da política da língua portuguesa e ao cânone das literaturas de língua portuguesa."
"No âmbito da teoria literária, a sua obra reconfigurou a fisionomia dos estudos literários em todos os países de língua portuguesa. Objecto de sucessivas reformulações, a Teoria da Literatura constitui-se como exemplo emblemático de um pensamento sistematizador que continuamente se revisita. Releve-se igualmente o importante contributo dos seus estudos sobre Camões.”, pode ler-se na nota do Ministério da Cultura.
A ministra da Cultura destaca, por sua vez, as "qualidades intelectuais e académicas, mas também pelo perfil humanista com que marcou de um modo decisivo gerações de alunos, um pouco por todos os lugares onde ensinou, bem como leitores".
"A sua obra revela o seu apurado sentido crítico e o sempre renovado olhar de leitor", acrescentou Graça Fonseca.
Vítor Manuel de Aguiar e Silva, ensaísta e professor universitário, nasceu em Penalva do Castelo, em 1939.
Na Universidade de Coimbra, obteve todos os seus graus e títulos académicos e foi professor catedrático da Faculdade de Letras até 1989, ano em que pediu transferência para a Universidade do Minho.
Nesta Universidade, foi professor catedrático do Instituto de Letras e Ciências Humanas, fundou e dirigiu o Centro de Estudos Humanísticos e a revista Diacrítica. Desempenhou também as funções de vice-reitor, de junho de 1990 a julho de 2002, altura em que se aposentou.
Vítor Aguiar e Silva tem-se dedicado especialmente ao estudo da Teoria da Literatura - domínio em que a relevância do seu ensino e da sua investigação é nacional e internacionalmente reconhecida -, e da Literatura Portuguesa do Maneirismo, do Barroco e do Modernismo.
A sua atividade de investigador tem-se centrado sobretudo nos estudos camonianos.
O ensaísta tem recebido vários prémios, entre os quais o Prémio Vergílio Ferreira de 2002, atribuído pela Universidade de Évora, o Prémio Vida Literária, em 2007, instituído pela Associação Portuguesa de Escritores e pela Caixa Geral de Depósitos, e o Prémio Vasco Graça Moura de Cidadania Cultural, em 2018.
O Prémio Camões homenageia anualmente a literatura em português, distinguindo um(a) escritor(a) cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da Língua portuguesa.
O vencedor do Prémio Camões em 2019 foi o músico e escritor Chico Buarque, já anteriormente distinguido duas vezes com o prémio Jabuti, o mais importante prémio literário no Brasil, pelo romance "Leite Derramado", em 2010, obra com que também venceu o antigo Prémio Portugal Telecom de Literatura, e por "Budapeste", em 2006.
O Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, é considerado o prémio de maior prestígio da Língua portuguesa.