Cultura

Fundação Saramago vai assinalar a passagem dos 40 anos após o golpe militar no Chile

A Fundação José Saramago assinala, quarta-feira,  na Casa dos Bicos, em Lisboa, a passagem dos 40 anos da queda da democracia,  no Chile, que conduziu à morte do antigo Presidente Salvador Allende e do  poeta Pablo Neruda. 

A iniciativa realiza-se em colaboração com a Fundação Mário Soares,  e a programação divide-se em duas partes, com os primeiros dias dedicados  a Salvador Allende e ao Chile, e os seguintes, a Neruda e à sua obra. 

As conferências agendadas contam, na quarta-feira, com Fernando Rosas,  Mario Dujisin e Pilar del Río, para falar de Salvador Allende e do Chile,  e com Fernando Pinto do Amaral e Raquel Baltazar, no próximo dia 23, para  celebrar a poesia de Neruda. 

A exposição "Chile: Memória Resgatada", com fotografias de Armindo Cardoso,  fica patente na Fundação Mário Soares, a partir do próximo dia 19. 

Um ciclo de cinema dedicado ao antigo Presidente chileno, realizado  em parceria com o DocLisboa, vai integrar filmes de Patrício Guzmán, Paulina  Costa e Carmen Castillo, a exibir nos dias 13, 16 e 17, e termina com a  apresentação de "O carteiro de Pablo Neruda" ("Il Postino"), de Michael  Radford, a 23 de setembro. 

Ao longo de todo o dia 11, quarta-feira, será projetado o filme "Salvador  Allende" (2004), do realizador chileno Patricio Guzmán, seguindo-se, às  18:30, a conferência sobre o Presidente deposto pelo golpe militar de 1973,  liderado pelo chefe das Forças Armadas, Augusto Pinochet. 

O golpe, que decorreu exatamente a 11 de setembro de 1973, levou à queda  da democracia constitucional, à morte de Salvador Allende e à imposição  de uma ditadura militar, liderada pelo general Pinochet, até março de 1990.

Salvador Allende, médico, fundou o Partido Socialista chileno, tendo  sido eleito Presidente da República em 1970, morrendo a 11 de setembro de  1973, durante o cerco ao palácio presidencial. 

Pinochet manteve-se no poder até março de 1990, depois de um referendo,  em 1987, ter conduzido ao seu afastamento e ao regresso do Chile à democracia.

Durante os quase 17 anos de ditadura, segundo a Comissão de Verdade  e Reconciliação e a Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura do  Chile, morreram, por motivos políticos, mais de 2200 pessoas e foram feitos  cerca de 35 mil prisioneiros, quase todos vítimas de tortura.  

Dos milhares de desaparecidos, 40 anos após o golpe, mais de 1200 pessoas,  que se acredita estarem mortas, continuam por localizar, segundo números  da Comissão de Verdade e Reconciliação do Chile. 

No dia 23, quando passam 40 anos sobre a morte do poeta Pablo Neruda,  "ao longo de todo o dia,  1/8na Casa dos Bicos 3/8 será ouvido o CD '20 poemas  de mesa y una castaa en el suelo (una antología caprichosa)'  1/8e 3/8 serão  oferecidos poemas de Pablo Neruda aos visitantes", diz o comunicado da FJS.

Às 16:00, será exibido um "filme relacionado com Pablo Neruda" seguindo-se,  às 18:30, uma "sessão de leitura de poemas, em espanhol e português" 

Neruda, que exerceu funções diplomáticas em Espanha, na Birmânia e no  México, estreou-se literariamente em 1923, com "Crepusculario".  

O poeta, autor de cerca de 40 livros, dedicou à fadista Amália Rodrigues  o soneto "No te quiero sino porque te quiero". 

Em 1971, recebeu o Prémio Nobel da Literatura. As suas memórias, "Confesso  que vivi", foram publicadas uma ano depois da sua morte, sobre a qual há  várias suspeitas, entre as quais a de ter sido morto pelas forças da ditadura.

No âmbito dos 40 anos da morte de Allende e de Neruda e da queda da  democracia, o DocLisboa programou o ciclo "1973-2013, o Golpe de Estado  no Chile 40 anos depois", que se realiza de 14 a 23 de outubro, semana que  antecede a edição do Festival. 


Lusa

Últimas