Cultura

Artista português Vhils retrata Angela Merkel numa parede em Berlim

O artista português Alexandre Farto, que assina  como Vhils, esculpiu numa parede de Berlim um retrato da chanceler alemã  Angela Merkel, que representa a "clarividência" que fragmentou a ideia de  uma Europa comunitária. 

A chanceler é representada com o "Olho da Providência" (simbolizado  pelo desenho de um olho dentro de um triângulo) no meio da testa e com sete estrelas em torno da cabeça. 
LUSA

Vihls explicou à agência Lusa que fez esta peça no final de dezembro,  na qual a chanceler é representada com o "Olho da Providência" (simbolizado  pelo desenho de um olho dentro de um triângulo) no meio da testa e com sete  estrelas em torno da cabeça. 

Para o artista, na Europa de hoje hngela Merkel "simboliza uma clarividência  maior que expressa uma nova ordem das coisas, que parece ter vindo, em muito  pouco tempo, fragmentar uma ideia de Europa comunitária, cujo princípio  de partilha e interação económica e cultural permitiu que muitos crescessem  com acesso a um nível de desenvolvimento que as gerações anteriores da Europa  do Sul nunca haviam conhecido". 

A peça, explicou, "gira em torno da ideia de como o resgate financeiro  dos chamados 'países periféricos' acaba por ser um resgate financeiro a  todas as economias da União Europeia e o quanto o crescimento económico  está dependente do ciclo de produção e consumo". 

"É uma reflexão acerca das estruturas e o ciclo de dependência económica  existente entre os países do norte e os países do sul -- e como os anos  de pertença à União Europeia não conseguiram eliminar esta assimetria",  afirmou Alexandre Farto. 

Para o artista, essa assimetria foi mantida pela "inépcia e corrupção  da classe política e dirigente de Portugal e restantes países periféricos  em conseguir rentabilizar o investimento que foi feito na educação e qualificação  dos seus cidadãos, e a dependência dos mesmos países em relação às economias  do norte". 

Alexandre Farto, para quem há uma "diferença abissal" entre a emigração  promovida por fins culturais e a que é promovida por questões económicas,  considera que os portugueses estão "condenados a ser mão-de-obra barata  europeia". 

"E a sustentar outros estados sociais enquanto o nosso morre", acrescentou.

Alexandre Farto, de 24 anos, divide-se atualmente entre Lisboa e Londres,  para onde foi estudar em 2007. 

Começou por pintar paredes com 13 anos, mas foi a "escavacá-las" que  captou a atenção do mundo.  

A técnica consiste em criar imagens em paredes ou murais através da  remoção de camadas de materiais de construção, criando uma imagem em negativo.  Estes desenhos esculpidos que captaram a atenção, entre outros, de uma marca  de jeans norte-americana, de uma editora literária alemã e de uma banda  portuguesa.  

Os últimos dois anos têm sido "uma roda-viva de viagens constantes"  com participações em festivais, exposições e trabalhos pela Europa, América  do Norte e América do Sul e Ásia. Mas a capital portuguesa continua a ser  a "cidade de referência" do artista que todos conhecem por Vhils. 

 

Lusa

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