Crise na Ucrânia

Ban Ki-moon reúne-se com presidentes russo e ucraniano

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, vai deslocar-se à Rússia e à Ucrânia com o intuito de promover uma saída pacífica para a crise que opõe os dois países, anunciou hoje o seu gabinete.

Ban Ki-moon vai reunir-se com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Moscovo na quinta-feira, e com o Presidente interino ucraniano, Oleksandr Turchinov, e o primeiro-ministro interino, Arseni Iatseniuk, em Kiev, na sexta-feira.    

Esta visita de última hora "faz parte dos esforços diplomáticos (de Ban Ki-moon) para encorajar todas as partes a resolver a crise atual de forma pacífica", segundo um comunicado das Nações Unidas. 

Em Moscovo, Ban Ki-moon vai reunir-se também com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, enquanto em Kiev falará também com "representantes da sociedade civil". 

"O secretário-geral tem apelado constantemente para um solução orientada pelos princípios da Carta das Nações Unidas", nomeadamente a soberania e a integridade territorial dos Estados, segundo o comunicado da ONU. 

Em reação à anexação da Crimeia pela Rússia, Ban Ki-moon defendeu a integridade territorial da Ucrânia, mas sem condenar claramente a reanexação da região nem afirmar se o referendo é legítimo.  

O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, defendeu na terça-feira que as Nações Unidas mantêm a convicção de que a diplomacia poderá resolver a crise, apesar do facto consumado e da intransigência do Kremlin.  "Ban Ki-moon exorta todas as partes envolvidas a retomar um diálogo construtivo para resolver esta crise", acrescentou o porta-voz. 

Após o início da crise, o responsável da ONU mandou à Ucrânia um enviado, Robert Serry, bem como o seu adjunto direto, Jan Eliasson, e o seu responsável dos direitos humanos, Ivan Simonovic, mas nenhum deles conseguiu convencer Moscovo e Kiev a iniciar um diálogo. 

Treze dos 15 países membros do Conselho de Segurança da ONU apoiaram no sábado uma resolução, proposta pelos Estados Unidos, condenando sem equívoco o referendo sobre a anexação da Crimeia à Rússia. Moscovo vetou a proposta, impedindo a adoção do texto, enquanto a China se absteve.  

A república autónoma ucraniana da Crimeia, de população maioritariamente russa, está no centro da tensão entre a Rússia e a Ucrânia desde a destituição, em fevereiro, do presidente ucraniano Viktor Ianukovich, considerado pró-russo.

As autoridades locais da península autónoma recusaram reconhecer o novo Governo de Kiev e referendaram, no domingo passado, uma união com a Rússia, apoiada por 96,77% dos votantes.

A tensão na Crimeia subiu de tom na terça-feira, com a Rússia a reconhecer a república autónoma ucraniana como parte do seu território e a Ucrânia a dar autorização aos seus soldados para usarem armas. 

Com Lusa

Últimas