"A Rússia procura cobrir a sua agressão na Crimeia com uma grande farsa denominada referendo que nunca será reconhecido nem pela Ucrânia nem pelo mundo civilizado", declarou Tourtchinov perante os deputados, aos quais apelou para votarem por uma mobilização parcial.
Um total de otal de 96,6% dos votantes da Crimeia votou a favor da reunificação com a Rússia de acordo com o presidente da Comissão Eleitoral da Crimeia, Mikhailo Malychev.
O referendo, cujas duas perguntas eram "Aprova a reunificação da Crimeia com a Rússia como membro da federação da Rússia?" e "Aprova a restauração da Constituição da Crimeia de 1992 e o estatuto da Crimeia como fazendo parte da Ucrânia?", é considerado ilegal pelas novas autoridades de Kiev e pela maioria da comunidade internacional.
Só Moscovo defende que se trata de uma consulta "legítima".
As autoridades autónomas da Crimeia convocaram o referendo de domingo na sequência da deposição do Presidente ucraniano pró-russo Viktor Ianukovich, em fevereiro, após três meses de violentos protestos em Kiev, liderados pelas forças da oposição.
Depois da queda de Ianukovich, forças apoiadas pela Rússia assumiram o controlo da península do sul da Ucrânia, transformada no foco do mais grave conflito entre Leste e Ocidente desde o final da Guerra Fria.
Seis décadas após a decisão unilateral do então dirigente soviético Nikita Khrushchev de anexar esta região tradicionalmente russa à Ucrânia, as respostas às duas questões colocadas aos eleitores da Crimeia no referendo de hoje poderão definir por muito tempo as relações entre Rússia e Ocidente.
Num território habitado maioritariamente por 58,32% de russos, 24,32% de ucranianos (ambos de religião ortodoxa) e 12,1% de tártaros da Crimeia (muçulmanos), previa-se que o desfecho da consulta não fosse surpreendente, depois de uma sondagem recente ter previsto um "sim" esmagador à união com a Rússia.
Um dia depois do referendo, a Crimeia declara-se independente da Ucrânia. A resolução foi adotada numa sessão do parlamento, na qual também de acordou que a Crimeia passará a usar o fuso horário de Moscovo, e não o de Kiev, Ucrânia, que seguia agora.