Ciclone Idai

Histórias de quem perdeu tudo no ciclone que arrasou Moçambique

O ciclone fez mais de 600 mortos e 1.641 feridos no país.

SIC Notícias

Na vila de Cheia, em Moçambique, há histórias de pessoas que perderam tudo nas cheias, perderam as casas, os bens, perderam filhos. Uns sonham com um futuro profissional, outros pedem ajuda ao Governo e há quem só queira encontrar os túmulos das filhas. E como eles, há muitos mais.

"Gostava de ser professora ou polícia"

Luísa António, 14 anos, está junto ao que resta da sua casa após a passagem do ciclone Idai na vila de Cheia, Moçambique.

"Gostava de ser professora ou polícia mas como não tenho um pai para me ajudar com os estudos, vou parar no 6.º ano e tentar casar quando tiver 16 anos para tentar escapar à pobreza."

"Desde a catástrofe, ainda não vimos ninguém do Governo aqui"

João Jofresse, 59 anos, fala para a Agência Reuters junto à casa onde morava e que agora está destruída.

"Desde a catástrofe, ainda não vimos ninguém do Governo. E foram eles que nos puseram aqui"

“Perdi as coisas mais preciosas da minha vida, as minhas filhas."

Maria Jofresse não consegue encontrar os túmulos das filhas embora tenha ajudado a escavá-los. Aos 25 anos, perdeu as duas filhas nas fortes chuvas que atingiram Moçambique, Zimbabué e Malawi.

"As pessoas sofreram mas ninguém sofreu tanto quanto eu. Perdi as coisas mais preciosas da minha vida, as minhas filhas."

"Fiquei durante dias na água"

Não é a primeira vez que Tchacaca Quembo passa por uma situação destas. Em 2000, a casa de Quembo, na comunidade de Quanuno, foi destruída por inundações severas. Depois disso, o Governo transferiu-a a ela e outros habitantes da mesma comunidade para a vila de Cheia. Em março voltou a perder a casa depois da passagem do ciclone Idai.

"O vento arrancou o telhado da casa (..) Consegui escapar porque fiquei no meu quarto, coberto de água, durante esses dias (de sexta-feira a domingo)".

Segundo o último balanço das autoridades moçambicanas, o ciclone fez 602 mortos e 1.641 feridos, tendo afetado mais de 1,5 milhões de pessoas no centro de Moçambique.

Esta terça-feira, o Ministério da Saúde de Moçambique anunciou a sétima morte causada pelo surto de cólera que irrompeu após a passagem do ciclone Idai no centro do país.

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