Wikileaks

Julian Assange detido pela polícia britânica na embaixada do Equador 

O fundador da Wikileaks esteve sob asilo político na embaixada do Equador em Londres durante sete anos.

SIC Notícias

A polícia britânica anunciou hoje a detenção de Julian Assange na embaixada do Equador. O fundador da Wikileaks esteve sob asilo político na embaixada do Equador em Londres desde 2012, para evitar ser extraditado para a Suécia, devido a alegados crimes sexuais.

O fundador do portal WikiLeaks foi detido também na sequência de um mandado de extradição dos Estados Unidos, além da detenção em cumprimento de um mandado emitido em 2012 por um tribunal londrino, divulgou a polícia britânica.

"Julian Assange, de 47 anos, foi hoje preso, quinta-feira, 11 de abril, em nome das autoridades dos Estados Unidos, às 10:53 horas, após a sua chegada a uma esquadra de polícia no centro de Londres. Este é um mandado de extradição", refere a polícia num comunicado.

Indicou ainda que está atualmente detido numa esquadra da polícia em Londres e que deverá ser presente a um tribunal de primeira instância "o mais depressa possível"


Assange refugiou-se na embaixada equatoriana na capital britânica em 2012 para evitar a sua extradição para a Suécia, que solicitou que o fundador do Wikileaks se entregasse por supostos crimes sexuais, um processo que entretanto prescreveu.


Assange recusou entregar-se às autoridades britânicas por receio de ser extraditado para os Estados Unidos, onde poderia enfrentar acusações de espionagem puníveis com prisão perpétua.

Governo britânico agradece colaboração ao Equador para deter Assange

O Governo britânico agradeceu às autoridades do Equador por facilitarem a detenção do fundador do portal WikiLeaks, na embaixada daquele país em Londres.

"É absolutamente apropriado que Assange enfrente a justiça de forma adequada no Reino Unido. Cabe aos tribunais decidir o que acontece a seguir. Estamos muito gratos ao Governo do Equador, sob o Presidente Moreno, pela ação que eles tomaram", disse o secretário de Estado para a Europa e Américas, Alan Duncan, num comunicado.


Duncan disse que a detenção de Assange esta manhã pela polícia britânica no interior da embaixada do Equador em Londres, onde se encontrava há sete anos, foi o resultado de "um extenso diálogo entre os dois países".

Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores do Equador desmentiu os rumores de que pretendia pôr fim ao asilo diplomático dado a Assange, embora tenha manifestado insatisfação com a situação.


A concessão de asilo diplomático, vincou, "é um poder soberano do Equador, que, portanto, tem o direito de conceder ou terminar quando considerado justificado e sem consultar terceiros".


"Ao emitir informação que distorce a verdade, o asilado e os seus parceiros, mais uma vez expressam ingratidão e desrespeito para com o Equador, em vez de se mostrar agradecido para com o país que já recebeu há quase sete anos", acrescenta-se na nota.


Na origem do desagrado estava a denúncia pelo portal WikiLeaks de que Assange seria expulso da embaixada dentro de "horas ou dias", dando conta de um alegado acordo com o Reino Unido para que se procedesse à sua detenção.


Além de "despesas significativas para pagar a sua estadia na embaixada", o que implicou a adaptação de algumas das divisões do apartamento para alojar Assange, as autoridades equatorianas atribuíram também a nacionalidade equatoriana ao australiano.

"A paciência do Equador chegou ao limite"

O Presidente do Equador, Lenín Moreno, disse hoje que o Governo de Quito decidiu "de maneira soberana" retirar o estatuto de asilo a Julian Assange, o que já provocou o protesto da organização Wikileaks.

Processo iniciado em 2010

Em 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 90.000 documentos confidenciais relacionados com ações militares dos EUA no Afeganistão e cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra no Iraque.


Os documentos tornados públicos, incluindo cerca de 250.000 telegramas diplomáticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, embaraçaram Washington.

A procuradoria sueca abandonou em 2017 o processo contra o fundador do WikiLeaks.

"A procuradora Marianne Ny decidiu não dar seguimento ao inquérito contra Julian Assange por presumível violação", indicou a procuradoria num comunicado, em maio de 2017.

O australiano sempre negou as acusações feitas contra ele em agosto de 2010 por uma sueca de cerca de 30 anos.

Assange considerou que se tratava de uma manobra para conseguir a sua extradição para os Estados Unidos, onde pode ser processado pela publicação de documentos militares e diplomáticos confidenciais.

Após múltiplas complicações processuais, foi ouvido em Londres por um procurador do Equador na presença de magistrados suecos. Repetiu ser completamente inocente, dado as relações sexuais com a queixosa terem sido consentidas.

Reação da defesa de Julian Assange em 2017

O advogado de defesa de Assange considerou que a decisão da justiça sueca confirmava que o que estava em causa era a divulgação de cerca de 500 mil documentos confidenciais americanos, com segredos militares sobre o Iraque e o Afeganistão.

Com Lusa

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