Almada, Setúbal, 11 fev (Lusa) -- O presidente da câmara do Seixal (CDU) assegurou hoje, em reunião pública, que a área florestal da Flor da Mata, em Pinhal de Frades, não será utilizada para construir habitação social e realojar os moradores de Vale de Chícharos.
Alfredo Monteiro respondia às questões levantadas por César Lopes, porta-voz de alguns moradores Pinhal de Frades, na freguesia de Arrentela, que acusam a câmara municipal de estar a destruir a área florestal da Flor da Mata "a reboque da execução do IC32 para aí realojar a população do bairro da Jamaica", na freguesia da Amora.
"Que fique claro que [a área] não se destina ao realojamento de [famílias abrangidas pelo] Plano Especial de Realojamento nem ao realojamento da população de Vale de Chícharos [ou bairro da Jamaica]", afirmou o autarca.
O vereador para o Urbanismo, Jorge Silva (CDU), sublinhou as palavras do presidente: "Estamos a ponderar -- e ainda não está decidida -- a construção de 198 fogos em regime de renda controlada para habitação jovem, não para realojamento dos moradores do bairro", afirmou.
O porta-voz dos moradores argumentou que, "a reboque da construção do IC32, a câmara está a destruir o pinhal da Flor da Mata, uma zona considerada pelo Plano Diretor Municipal (PDM) como sendo agrícola e florestal", afirmando que existem "abates ilegais encapotados".
A este respeito, o vice-presidente da câmara, Joaquim Santos, afirmou que "todos os preceitos legais foram cumpridos e que os responsáveis pelo abate têm legitimidade legal para o efetuar".
Para o vereador social-democrata, Paulo Edson, "as respostas da autarquia sobre este tema têm sido absolutamente insuficientes".
O autarca sublinhou que "têm sido cometidos atropelos à lei", defendendo que "está em causa uma área protegida": "É maciço arbóreo. E está, neste momento, reduzido a cerca de um terço", afirmou.
O vereador para o Urbanismo insistiu que "o pinheiro bravo não é uma espécie protegida", acrescentando que, assim sendo, "precisa apenas de uma licença para transporte": "A câmara não intervém em absolutamente nada disso", afirmou.
Os moradores abandonaram a reunião de câmara descontentes e muito pouco convencidos.
À saída, César Lopes reiterou que "a câmara está a permitir que se pratiquem atos contrários ao PDM em vigor e que estão a descaracterizar a zona" e reforçou a sua convicção de que "a autarquia está a preparar tudo para realojar ali os moradores do bairro".
JYF
Lusa/fim.